Nos últimos tempos há um crescimento preocupante da polarização política — não apenas em discursos e divisões ideológicas, mas também num aumento real de violência motivada politicamente. A radicalização de grupos ou indivíduos com crenças extremas, combinada com discursos inflamatórios e desinformação online, contribui para um ambiente onde atos violentos deixam de ser exceção para se tornarem parte mais visível da paisagem política.
Segundo o The Guardian, no primeiro semestre de 2025, foram registrados mais de 520 incidentes violentos e planos terroristas nos EUA — quase 40% a mais do que no mesmo período de 2024.
Recentemente, Charlie Kirk, ativista conservador de grande visibilidade nos EUA, foi morto a tiros durante um evento público da Turning Point USA na Utah Valley University. Crônicas iniciais apontam que foi uma assassinato político, com indícios de motivação ideológica do suspeito, que aparentemente vinha se radicalizando em comunidades online.
Esse episódio é particularmente significativo, porque Kirk mesmo sendo uma figura polarizadora, usava o diálogo e a argumentação sempre ouvindo com atenção e respeito o seu interlocutor. Atacar (e matar) uma pessoa assim em público reforça o limiar de que discursos extremos podem gerar consequências fatais.
Atos violentos geram reações — protestos, ameaças, mais violência. Grupos radicalizados em diferentes espectros ideológicos podem interpretar um assassinato como um alerta ou uma permissão para agir também. Isso pode virar uma espiral em que cada lado se sente justificado em retaliar ou se preparar para futuras agressões.
A radicalização política, quando alimentada por discursos que desumanizam o “outro”, por conspirações, por polarização intensa — ideológica, racial, cultural — acaba abrindo caminho para violência. O assassinato de Charlie Kirk não é um caso isolado, mas parte de um padrão crescente. Se não houver mecanismos eficazes de desescalada — tanto institucionais quanto sociais —, o risco é de que essa violência se torne mais frequente, mais imprevisível, com danos profundos à democracia.
O posicionamento do cristão diante desse cenário
Diante de tanta polarização e violência, a Bíblia oferece uma direção clara para os seguidores de Cristo. Quando esteve neste mundo, Jesus não entrou em disputas políticas, nem promoveu revoluções por meio da violência — mesmo em meio à opressão do Império Romano. Pelo contrário, Ele ensinou:
“Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mateus 5:44).
O exemplo de Cristo mostra que o cristão é chamado a ser pacificador (Mateus 5:9), a falar com mansidão e sabedoria (Tiago 3:17), e a buscar a transformação social pelo amor e pelo serviço, não pela violência. O apóstolo Paulo reforça esse princípio:
“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Romanos 12:21).
Em um tempo em que a retórica inflamada domina as redes sociais e o ódio parece normalizado, o cristão é convidado a:
-
Promover o diálogo com empatia;
-
Rejeitar discursos de ódio e incitação;
-
Ser exemplo de justiça, verdade e misericórdia;
-
Orar pelos líderes e autoridades, conforme 1 Timóteo 2:1-2.
O testemunho cristão não consiste em alinhar-se a um partido ou ideologia, mas em viver e proclamar os valores do Reino de Deus — um reino que não se estabelece pela espada, mas pelo amor, pela verdade e pelo sacrifício. Essa postura pode parecer frágil diante do clima de ódio, mas é justamente ela que tem poder de desarmar corações e oferecer esperança.













