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sexta-feira, 22 de agosto de 2025

A radicalidade do discipulado

 


A radicalidade do discipulado cristão é um tema que levanta questionamentos e exige discernimento espiritual. Quando observamos as palavras de Jesus proferidas a certas pessoas como  o jovem rico e  Nicodemos, vemos que o caminho do Mestre exige um pouco mais que comprometimento formal. Ambos eram religiosos, respeitados, cumpridores da lei e formalmente piedosos. No entanto, Jesus vai além da religiosidade exterior e lhes apresenta um chamado que desnuda o coração. Ao jovem rico, Ele pede: “Ainda te falta uma coisa: vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me” (Lucas 18:22). Não era a riqueza em si que era pecado, mas o fato de ocupar o lugar de Deus em sua vida. A Nicodemos, mestre da Lei e profundo conhecedor das Escrituras, declara de forma igualmente radical: “Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer de novo não pode ver o reino de Deus” (João 3:3). Em ambos os casos, o que está em jogo não é um comportamento religioso formal, mas uma entrega total, uma transformação interior que recoloca Cristo no centro.

É nesse sentido que o livro de Apocalipse nos fala sobre ser quente e não morno: “Conheço as tuas obras; sei que não és frio nem quente. Melhor seria que fosses frio ou quente! Assim, porque és morno, não és frio nem quente, estou a ponto de vomitar-te da minha boca” (Apocalipse 3:15-16). O morno é aquele que mantém uma aparência de fé, mas não se deixa consumir pelo amor e pela vida de Cristo. Ser quente, no entanto, é viver com paixão e autenticidade a experiência cristã, sem reservas, sem meias medidas. Essa é a verdadeira radicalidade do discipulado: enraizar-se em Cristo a tal ponto que Ele se torne o eixo em torno do qual tudo mais gira.

Entretanto, há um perigo sempre presente: confundir essa radicalidade com o extremismo fanático. O fanatismo não nasce do amor, mas geralmente do orgulho e da rigidez. Enquanto a radicalidade conduz à humildade, à mansidão e ao serviço, o fanatismo gera intolerância, exclusão e até violência. Os fariseus do tempo de Jesus são um exemplo disso: zelosos e rigorosos em suas práticas, mas distantes do espírito da lei, que é amor e misericórdia. Jesus os repreende dizendo: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas desprezais os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fé” (Mateus 23:23).

A diferença fundamental está no fruto que cada postura produz. O discipulado radical, centrado em Cristo, gera compaixão, justiça e paz. Como Paulo ensina, “o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio” (Gálatas 5:22-23). Já o fanatismo, centrado no ego ou em sistemas humanos, resulta em julgamento, imposição e divisão. Em termos simples, a radicalidade evangélica é morrer para si e viver para Cristo (cf. Gálatas 2:20); o fanatismo sufoca Cristo nos outros para impor uma própria causa ou razão.

Assim, ser radical no discipulado não significa viver de forma agressiva ou intolerante, mas deixar-se transformar pelo amor de Cristo em todas as dimensões da vida. É esse amor que aquece a fé e a impede de se tornar morna. É ele que distingue a autenticidade da paixão cristã do extremismo  fanático. A verdadeira radicalidade, portanto, não oprime, mas liberta; não endurece, mas humaniza; não se exalta a si mesma, mas glorifica a Cristo.



terça-feira, 12 de agosto de 2025

Tudo por Amor!

 


No centro da fé cristã, acima de qualquer doutrina, prática ou tradição, está o amor. Não um amor reduzido a sentimento passageiro, mas um compromisso vivo e ativo que reflete a própria natureza de Deus. Como ensina o apóstolo João: “Deus é amor” (1Jo 4:8). Amar, portanto, não é apenas um mandamento; é a expressão mais autêntica da vida de quem vive unido a Cristo.

Na vida cristã, tudo é por amor. Foi por amor que Jesus entregou a Si mesmo na cruz, tomando sobre Si nossos pecados e nos oferecendo vida eterna (João 3:16; I João 3:16). Esse amor é a essência do evangelho e o fundamento de nossa relação com Deus e com as pessoas. Quando amamos, refletimos o próprio caráter de Cristo, que não apenas falou sobre o amor, mas o viveu de forma prática e sacrificial.

O amor também é comunhão. Ele nos tira do isolamento e nos insere numa rede viva de relacionamentos onde cada pessoa tem valor infinito. Na Igreja, esse amor se manifesta em partilha, oração mútua, suporte nos momentos de dificuldade e celebração conjunta das vitórias. É o que torna a comunidade cristã um reflexo, ainda que imperfeito, da eternidade, onde todos estarão plenamente unidos no amor do Pai.

O amor cristão é relacional. Ele nasce da comunhão com Deus, que nos amou primeiro, e se estende naturalmente ao próximo. Na medida em que experimentamos o perdão, a graça e a bondade de Deus, somos chamados a reproduzir esses mesmos gestos nas relações humanas: perdoar, acolher, servir, ouvir e cuidar. Amar a Deus implica amar as pessoas que Ele criou, pois não há separação possível entre devoção e compaixão.

Ao pregarmos e testemunharmos, nossa motivação também deve ser o amor. Paulo nos lembra que até as ações mais nobres e eloquentes, se não forem movidas por amor, não têm valor diante de Deus (I Coríntios 13:3). Sem amor, o que fazemos pode se tornar apenas exibicionismo ou, pior, uma atitude interesseira. Mas quando é o amor que nos impulsiona, até os gestos mais simples ganham um peso eterno.

O amor molda nosso comportamento ético. Ele nos leva a agir com tolerância e moderação, a não retribuir o mal com o mal, mas a vencer o mal com o bem. Ele é como um tempero que dá sabor à vida, ou como um perfume que contagia e se espalha (II Coríntios 2:15-16). É o que nos faz diferentes, pois revela que estamos sendo transformados à semelhança de Cristo.

Viver o amor como essência da vida cristã é mais do que cumprir um ideal moral; é participar da própria vida de Deus. É permitir que o Espírito Santo molde nosso caráter, para que cada palavra, atitude e escolha se tornem canais da presença divina no mundo. Assim, a fé se torna visível, não apenas professada com os lábios, mas encarnada no modo como tratamos uns aos outros.

O amor é a expressão maior de maturidade, equilíbrio e clareza espiritual. É o que melhor nos distingue como seres humanos criados à imagem de Deus — mais até do que nossa capacidade de raciocinar ou criar. Ainda que alguns animais expressem instintivamente algo que pareça amor, somente o ser humano, movido pelo Espírito de Deus, pode amar de maneira consciente, sacrificial e plena.

Assim, viver o cristianismo é, em essência, viver o amor: o amor que recebemos de Cristo, que repartimos com os irmãos e que testemunhamos ao mundo como a mais alta prova de que Ele vive em nós.

Em última análise, o amor é o fio que costura todas as virtudes cristãs. É ele que dá sentido à oração, à obediência e à missão. Sem amor, a religião se torna vazia; com amor, cada ato simples se transforma em adoração. Quem vive nesse amor já experimenta, aqui e agora, um vislumbre do Reino de Deus.


terça-feira, 5 de agosto de 2025

Deus - o bem maior!

 


"Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de Ti" — Salmo 16:2

Essa breve declaração de Davi carrega uma profundidade espiritual que desafia os alicerces de uma fé superficial. Ela revela um coração que não apenas reconhece Deus, mas que se apega a Ele com total exclusividade, como o único bem verdadeiro. É um amor essencial, despido dos ornamentos da religiosidade formal, livre das distrações de tradições que, embora muitas vezes bem-intencionadas, podem se tornar fardos que sufocam a vida espiritual autêntica.

Hoje, muitos se veem enredados numa prática religiosa repleta de penduricalhos: rituais, costumes, fórmulas, tradições herdadas e repassadas sem reflexão. Isso pode gerar uma fé baseada na aparência, uma espiritualidade de fachada, onde se preserva a forma mas se perde o conteúdo. Davi, ao contrário, aponta para um relacionamento que nasce da essência, não da estrutura. Ele não menciona sacrifícios, templos ou mandamentos cerimoniais. Ele declara: Deus é o seu único bem.

Para que se possa dizer com sinceridade o que Davi disse, é necessário um desprendimento radical: da vaidade, da busca por status, da tentativa de agradar os homens em vez de a Deus. Isso exige uma purificação de consciência, uma transformação interior que nos conduza a buscar aquilo que é do alto, e não o que é da carne. Paulo reforça essa ideia em Gálatas 6:8-9:

“Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.”

O mundo moderno nos bombardeia com distrações, necessidades fabricadas, comparações constantes e uma avalanche de estímulos que anestesiam a alma. Perdidos em trivialidades, muitos têm dificuldade de perceber que a presença de Deus vale mais do que qualquer conquista material ou prestígio social. É preciso romper com essa lógica mundana, ajustando nossa personalidade e prioridades à luz do Espírito. Colocar Deus em primeiro lugar não é apenas um discurso piedoso — é uma disciplina, uma escolha consciente de viver para Ele e por Ele.

Proferir como Davi: "Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de Ti" exige mais do que palavras — exige rendição. Exige que nossa fé saia do campo das convenções religiosas e entre no terreno da sinceridade viva, onde Deus não é um acessório da vida, mas o seu centro absoluto.

Quem chega a esse ponto encontra a verdadeira liberdade: não depende mais das ilusões que o mundo oferece, nem da aprovação de instituições ou tradições humanas. Encontra um tesouro que não pode ser corrompido, um bem que não pode ser roubado, uma presença que satisfaz completamente.

Esse é o chamado: abandonar o superficial, rejeitar a hipocrisia, e buscar a Deus com todo o coração — não como um complemento à vida, mas como a própria vida.

terça-feira, 29 de julho de 2025

Santificação e prazer: Uma relação conflituosa?

 


Sob a ótica cristã, especialmente dentro de uma visão bíblica, a salvação pode  ser compreendida, em parte, como uma escolha entre seguir os prazeres do mundo ou renunciar a eles para seguir a Cristo. No entanto, essa ideia precisa ser bem contextualizada, pois não se trata apenas de uma simples dicotomia entre "prazeres terrenos" e "vida espiritual", mas de uma transformação mais profunda de valores, desejos e propósito de vida.

Essa é uma questão profunda e muito relevante. A tradição cristã, especialmente em sua busca por santidade e fidelidade a Cristo, reconhece que nem tudo o que é permitido ou natural é, necessariamente, benéfico para a santificação (cf. 1 Coríntios 6:12). O cristianismo convida a um discernimento cuidadoso, não movido por legalismo, mas por amor a Deus e ao próximo.

A Bíblia frequentemente apresenta um contraste entre "o mundo" (representando valores contrários aos de Deus) e "o Reino de Deus". A Bíblia ensina:

 Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma." (I Coríntios 6:12.

 Esse texto indica que seguir a Jesus pode envolver renúncia, não como uma mera rejeição de prazer, mas como uma mudança de lealdade e prioridade.

Nem todos os prazeres terrenos são maus ou precisam ser rejeitados. Deus criou o mundo e o chamou de bom (Gênesis 1). Alegria, comida, descanso, beleza e relações humanas são bênçãos, desde que desfrutadas dentro da vontade de Deus.

O problema é quando esses prazeres se tornam fins em si mesmos ou ídolos, afastando o coração do Criador. João escreve:

“Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.”
1 João 2:15

Os prazeres devem ser colocados na balança do cristão com um senso crítico bem estabelecido. A seguir iremos discorrer sobre dois tópicos bastante importantes.

1. Ouvir música: quando é aceitável e quando pode prejudicar a santificação

A música, por exemplo, como expressão artística, não é em si pecaminosa. Ela pode exaltar a beleza, provocar emoções profundas e até nos aproximar de Deus. A Bíblia contém o livro de Salmos, que são cânticos — muitos com intensidade emocional, artísticas e até linguagem forte.

O problema surge em três aspectos:

a) Conteúdo

Músicas que promovem:

  • sensualidade explícita,

  • violência,

  • adultério,

  • desrespeito à dignidade humana,

  • blasfêmia contra Deus,
    dificilmente podem ser consideradas compatíveis com uma vida de santificação, pois alimentam o coração com valores contrários aos de Cristo.

b) Efeito espiritual e emocional

Mesmo uma música aparentemente neutra pode se tornar prejudicial se:

  • ativa desejos pecaminosos (ex: sensualidade, orgulho),

  • evoca lembranças que levam ao pecado,

  • ocupa um espaço desproporcional na vida do cristão, desviando-o da comunhão com Deus.

c) Intenção e frequência

Se uma pessoa escuta algo apenas por lazer, com discernimento, isso é diferente de viver imersa nesse tipo de conteúdo.

"Tudo me é permitido, mas nem tudo convém." — 1 Coríntios 10:23

Resumo:

O cristão deve perguntar: Essa música me aproxima de Cristo ou me afasta? Está moldando meus desejos e pensamentos para o bem ou me insensibilizando para o pecado? 


2. Contemplar a beleza física: até que ponto é pecado?

A Bíblia não condena a beleza corporal em si — ela foi criada por Deus. O problema está no olhar e no desejo, como nos ensina Jesus:

"Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, já cometeu adultério com ela em seu coração." — Mateus 5:28

Aqui é necessário distinguir:

✅ Admiração sem cobiça

  • Notar que uma pessoa é bonita, elegante ou atraente não é pecado.

  • A beleza pode ser admirada como algo bom e criado por Deus, sem desejo de posse ou luxúria.

  • Ex: um médico pode ver o corpo humano com respeito técnico; um cristão pode apreciar uma imagem artística de forma saudável.

❌ Olhar com lascívia ou alimentar fantasias

  • A linha é cruzada quando há intenção de uso sexual do outro em pensamento.

  • Isso alimenta a luxúria, que é pecado não só por gerar culpa, mas por objetificar a pessoa — negando sua dignidade como imagem de Deus.

Modéstia cristã, nesse sentido, não é repressão do corpo, mas um chamado a vê-lo com reverência, não como objeto de consumo.


Conclusão

Uma das tensões mais comuns está na relação entre a fé e os prazeres do mundo. A Bíblia não ensina que o prazer é, em si, pecaminoso. Deus criou o mundo com beleza e riqueza sensorial: sons, cores, sabores, afetos e até o corpo humano são dons que podem ser recebidos com gratidão. O problema surge quando tais dons são desconectados do propósito divino e passam a dominar o coração, tornando-se ídolos ou meios de satisfazer desejos desordenados. Nesse sentido, o cristianismo ensina uma ética da moderação e do discernimento, onde o prazer é avaliado não apenas pelo que oferece ao corpo, mas pelo que faz ao coração.

Por exemplo, a música é uma forma legítima de expressão e pode ser usada tanto para edificar quanto para corromper. Nem toda música secular é má, nem toda música religiosa é boa por definição. O critério ético cristão não é o estilo musical, mas seu conteúdo, sua influência sobre o espírito, e a intenção de quem a consome. Músicas que promovem luxúria, violência, egoísmo ou banalizam o sagrado não são compatíveis com uma vida de santificação, pois alimentam valores contrários ao Evangelho. O cristão é chamado a perguntar: Essa música me aproxima de Cristo ou me anestesia espiritualmente? Fortalece a virtude ou estimula o vício?

Da mesma forma, a contemplação da beleza física exige discernimento. Reconhecer a beleza de um corpo não é pecado. O próprio Deus criou o ser humano com formas, proporções e expressividade física. A ética cristã não é contra o corpo, mas contra a sua objetificação e uso como instrumento de pecado. Jesus ensinou que o pecado não está apenas no ato externo, mas também nas intenções do coração. Quando a contemplação da beleza se transforma em desejo lascivo, em imaginação sexualizada ou em cobiça, ela ultrapassa o limite do lícito. Mas quando há um olhar puro, que enxerga a beleza como reflexo da criação divina, é possível admirar sem pecar.

modéstia cristã, portanto, não é repressão, mas reverência. Ela nasce do reconhecimento de que o corpo é templo do Espírito e que os sentidos devem estar subordinados ao amor e à verdade. Isso vale tanto para quem se expressa (no vestir, no agir, no criar) quanto para quem consome cultura e imagem. Modéstia não significa esconder a beleza, mas tratá-la com dignidade.

No fim, a vida cristã não se resume a regras externas, mas à formação de um coração que ama a Deus acima de tudo. O cristão maduro não pergunta apenas “isso é pecado?”, mas “isso glorifica a Deus?”, “isso me ajuda a viver como discípulo de Cristo?”. A santificação, assim, não é uma rejeição mecânica dos prazeres da vida, mas uma purificação dos desejos, guiada pela graça, que transforma o coração para desejar aquilo que é eterno e bom.


quinta-feira, 12 de junho de 2025

As Pessoas que lutaram com Deus !

 


Ao longo das Escrituras, vemos que algumas das maiores vitórias espirituais foram concedidas àqueles que demonstraram perseverança, resignação e uma fé inabalável. Não se trata de uma fé meramente passiva, mas de uma disposição ativa de lutar com Deus — não contra Ele — como quem sabe que somente d’Ele pode vir a verdadeira bênção.

Um exemplo marcante é o de Jacó, que lutou com um anjo durante toda a noite (Gênesis 32:24-30). Este episódio é profundamente simbólico: Jacó, em desespero, não fugiu, não desistiu, não exigiu. Ele lutou, agarrou-se ao anjo e declarou: "Não te deixarei ir se não me abençoares." Mesmo ferido, Jacó permaneceu firme. Sua persistência e humildade foram recompensadas com um novo nome — Israel, “aquele que luta com Deus” — e com uma bênção que o transformou para sempre.

Outro exemplo é a mulher siro-fenícia (Marcos 7:24-30). Gentia e excluída dos privilégios do povo judeu, ela se aproximou de Jesus implorando a libertação da filha. A resposta inicial de Jesus parece dura: "Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos." Contudo, ela não se ofendeu, não se afastou, não se revoltou. Com resignação e fé, ela respondeu: "Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos." Essa resposta, cheia de humildade e confiança, fez Jesus exclamar: "Grande é a tua fé!" E sua filha foi curada naquele instante.

Lembramos ainda do paralítico junto ao tanque de Betesda (João 5:1-9). Por trinta e oito anos, ele permaneceu ali, esperando que as águas se movessem e alguém o ajudasse a entrar no tanque. Décadas de espera, sofrimento e frustração. Mas ele não amaldiçoou a Deus, não se revoltou, não desistiu. E, num determinado dia  Jesus se aproximou e lhe perguntou: "Queres ser curado?" Ao ouvir sua história, Jesus simplesmente lhe disse: "Levanta-te, toma o teu leito e anda." E naquele momento, a cura chegou.

Esses personagens contrastam fortemente com a atitude de Caim, que, ao ver que Deus não se agradou de sua oferta, se encheu de ira e revolta. Em vez de humildemente buscar entender a vontade de Deus e corrigir seu caminho, Caim preferiu culpar, julgar e, por fim, cometer um crime terrível. Sua indignação e falta de resignação o afastaram da presença de Deus.

Em todos esses casos, vemos que a vitória espiritual não está em vencer Deus, mas em não desistir d’Ele, mesmo quando Ele parece distante, silencioso ou até mesmo duro. Aqueles que perseveram, que aceitam a aparente demora ou silêncio divino com fé e humildade, são os que, no tempo certo, colhem frutos eternos.

A verdadeira luta espiritual é marcada pela persistência na fé, pela rendição voluntária ao tempo e à vontade de Deus. Não é uma fé que exige, mas uma fé que espera; não é uma alma que acusa, mas que se submete e confia. Aí está um dos segredos mais profundos da vida espiritual: lutar com Deus, não para vencer, mas para ser transformado.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Por que o apelo apocalíptico para sair de Babilônia ?

 



No simbolismo profético do livro do Apocalipse, Babilônia não se refere apenas à antiga cidade mesopotâmica, mas representa uma realidade espiritual profundamente corrompida: um sistema religioso que se afastou da verdade original do Evangelho. Esta "Babilônia mística" é descrita como uma igreja cristã apostatada, que ao longo dos séculos tem disseminado seu "vinho" — suas doutrinas enganosas e ideologias — embriagando as nações e deturpando a essência pura da fé cristã.

Em Marcos 7:8-13, Jesus já advertia sobre a substituição da Palavra de Deus pelas tradições humanas. Essa mesma crítica se aplica à Babilônia profética, que trocou o Evangelho eterno por ritos vazios, relíquias idolatradas e tradições que sufocam o sentido vivo das Escrituras. O "espírito de Babilônia" não é apenas um erro teológico; é uma influência entorpecedora que obscurece a mente e o coração, impedindo a verdadeira adoração ao Deus Criador.

Na escatologia bíblica, esse sistema religioso chega ao seu clímax de oposição à verdade nos últimos tempos. Em Apocalipse 14:6-12, uma tríplice mensagem é proclamada ao mundo, chamando todos a voltarem-se para o Evangelho eterno, a adorarem o Criador e a rejeitarem o falso sistema de adoração representado por Babilônia e suas "filhas" — outras instituições religiosas que compartilham de suas práticas e doutrinas desviadas.

Apocalipse 18 ecoa um chamado solene e urgente: “Sai dela, povo meu”. É uma convocação divina à separação espiritual e doutrinária de tudo aquilo que contradiz a Palavra de Deus. Esse chamado não é motivado por sectarismo, mas por amor — amor à verdade e à salvação. Deus, em Sua misericórdia, convida Seu povo a abandonar a confusão religiosa e retornar à simplicidade e pureza do Evangelho de Cristo.

O grande conflito final da história da humanidade se dará entre dois sistemas de adoração: um fundamentado na verdade bíblica, outro na tradição humana. A escolha será clara: ou seguimos a Palavra viva de Deus, ou permanecemos sob a influência de Babilônia. No fim, somente aqueles que seguem ao Cordeiro, que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus (Apocalipse 14:12), estarão firmes diante do trono divino.

Este é o tempo do discernimento e da decisão. Que cada coração seja despertado para reconhecer o contraste entre a luz do Evangelho e as trevas do engano religioso. Que a verdade liberte, e que o povo de Deus atenda ao chamado: sair de Babilônia e adorar ao único digno — o Criador dos céus e da terra.

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Saindo da Zona de Conforto: Um Chamado à Fé Ativa e Resiliente


 

A vida cristã não foi desenhada para ser vivida em conforto constante, mas em constante crescimento. E crescer, muitas vezes, exige sair da zona de conforto. As Escrituras estão repletas de exemplos de pessoas que, movidas pela fé, enfrentaram obstáculos, romperam barreiras sociais, emocionais e até espirituais, em busca de algo maior: a presença e o toque transformador de Jesus.

Um exemplo marcante é o da mulher com fluxo de sangue, em Marcos 5:24-34. Por doze anos, ela sofreu com sua enfermidade e com a rejeição social, sendo considerada impura. Mesmo assim, ela não se conformou com sua condição. Poderia ter esperado uma "cura à distância", uma oração intermediada, uma palavra de consolo. Mas não. Ela decidiu se mover, sair de onde estava, desafiar a multidão e os limites da lei, para tocar em Jesus — ainda que fosse apenas na orla de Suas vestes. Esse toque exigiu coragem, esforço, fé e, sobretudo, uma decisão de não permanecer na zona de conforto.

Outro exemplo é o da mulher siro-fenícia (Marcos 7:24-30). Gentílica, estrangeira, sem "direito" à atenção de um mestre judeu, ela poderia ter aceitado sua exclusão. Mas, pela dor da filha e pela certeza de que só Jesus podia intervir, ela rompeu distâncias físicas e emocionais. Mesmo diante de uma resposta dura de Jesus, que à primeira vista parecia um desprezo — “Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos” — ela não se ofendeu, não desistiu, não se revoltou. Pelo contrário, com humildade e perseverança, respondeu com fé e recebeu o milagre.

Na busca por Jesus essas mulheres foram além. Elas romperam com o conforto, com as expectativas humanas e com os possíveis escândalos sociais. Foram determinadas, ousadas e resilientes. E isso fala diretamente aos nossos dias.

Muitos crentes hoje vivem estacionados na fé, esperando que Deus faça tudo enquanto permanecem passivos. Outros se desencorajam e até se afastam da comunhão por causa de relacionamentos difíceis na igreja ou por maus exemplos de liderança. Mas é justamente nesses momentos que somos chamados a ir além, a fazer como aquelas mulheres: continuar buscando a Cristo com fé viva, ainda que os meios não sejam os ideais ou os caminhos pareçam duros.

A fé verdadeira não se acomoda. Ela se levanta, insiste, busca, toca, clama, persevera. Não se escandaliza com as falhas humanas, pois está fixada em Cristo, não nos homens. A fé ativa não se submete à letargia espiritual nem se entrega ao vitimismo. Ela se movimenta em direção à fonte da vida.

Portanto, que possamos aprender com essas mulheres de fé. Que a nossa caminhada com Cristo não seja moldada pela conveniência, mas pela convicção. Que não sejamos como os que esperam sentados, mas como os que tocam, clamam e insistem — porque sabem que, em Jesus, há cura, há resposta e há vida em abundância.

Saia da zona de conforto. Jesus está passando. Mova-se até Ele!

terça-feira, 20 de maio de 2025

O Arrependimento que Jesus ensinou (Metanoia)

 


O arrependimento ensinado por Jesus, conforme expresso em Marcos 1:15 — “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” — vai muito além de um mero remorso ou sentimento de culpa. A palavra grega usada no texto original é metanoia (meta = além, nous = mente), que significa literalmente uma mudança de mente, uma transformação profunda da forma de pensar, sentir e viver. Jesus inaugura um novo tempo e convida cada pessoa a abandonar a mentalidade do mundo — centrada no egoísmo, na vaidade e no orgulho — para abraçar a mentalidade do Reino, que é marcada pela fé, pelo amor e pela conversão contínua do coração.

O arrependimento que o evangelho propõe é, portanto, uma reorientação da vida, uma abertura radical à vontade de Deus. Trata-se de passar de uma vida autocentrada para uma existência que reflita os valores do Reino: misericórdia, justiça, humildade, compaixão e entrega. A metanoia não é apenas uma mudança moral externa, mas uma renovação interior que transforma todas as dimensões da existência humana.

Entretanto, nem todos aceitaram esse convite. O jovem rico (Mc 10:17-22), por exemplo, se aproximou de Jesus com entusiasmo, mas ao ser desafiado a abandonar suas riquezas e seguir o Mestre, foi embora triste. Ele alegou que guardava os mandamentos, mas não estava disposto a romper com a segurança material e com o seu modo de pensar o mundo. Sua mente ainda estava presa aos valores terrenos, e seu coração não estava livre para Deus. Da mesma forma, muitos fariseus, embora zelosos cumpridores da Lei, viviam apenas a letra da religião, sem deixar que ela alcançasse e transformasse o coração. Jesus frequentemente os criticava por sua hipocrisia, pois observavam os ritos externos mas negligenciavam o peso da justiça, da misericórdia e da fé (cf. Mt 23:23).

Por outro lado, há aqueles que, mesmo sem profundo conhecimento religioso, demonstravam uma abertura sincera à metanoia. Zaqueu, o cobrador de impostos (Lc 19:1-10), foi tocado pelo olhar de Jesus e, em um gesto de transformação interior, decidiu restituir o que havia extorquido e doar metade de seus bens aos pobres. Seu arrependimento foi autêntico, prático, e evidenciado por obras de justiça. Da mesma forma, Cornélio, um centurião romano (At 10), mesmo não sendo judeu nem conhecedor da Torá, era descrito como “piedoso e temente a Deus”, alguém que dava esmolas e orava constantemente. Sua vida já manifestava frutos da metanoia antes mesmo de ouvir plenamente o evangelho.

Esses exemplos revelam que a verdadeira conversão não se resume ao pertencimento religioso ou ao cumprimento mecânico de regras. A metanoia é uma disposição interior de escuta, de abertura e de transformação. É viver de tal modo que Cristo se torne o centro da vida e que cada escolha reflita os valores do evangelho. O arrependimento que Jesus proclama é o início de um caminho de discipulado e de liberdade — liberdade para amar, para servir, para perdoar e para viver plenamente como filhos de Deus.

Em resumo, o evangelho quer nos tornar novas criaturas, e isso começa com a metanoia: uma mente renovada, um coração disponível e uma vida entregue ao Reino. Essa é a proposta radical de Jesus — e a resposta a ela é o que define o verdadeiro seguimento cristão.

sábado, 3 de maio de 2025

Os Momentos Cruciais da Parábola das 10 Virgens

 


A parábola das 10 virgens, registrada em Mateus 25:1-13, é uma narrativa profunda e simbólica que reflete a necessidade de vigilância e prontidão para a vinda de Cristo. No verso 6, o grito “Aí vem o noivo” marca um ponto crucial na história. Ele simboliza o anúncio inesperado de que o momento tão aguardado chegou, colocando em evidência a preparação ou a falta dela por parte das virgens.

O grito à meia-noite é uma chamada urgente, despertando todas as virgens do sono e alertando-as para a iminente chegada do noivo. Esse grito não só quebra o silêncio da noite, mas também cria um momento de crise. É nesse ponto que a diferença entre as virgens prudentes e as néscias se torna evidente. As prudentes estavam preparadas com azeite suficiente, enquanto as néscias foram apanhadas desprevenidas e tentaram corrigir sua negligência tarde demais.

O Grito à Meia-Noite

A meia-noite representa o ponto final de um ciclo, um momento de crise e de transição. No contexto da parábola, o grito à meia-noite ocorre em meio a um cenário de escuridão, simbolizando o auge das crises globais que ameaçam a sobrevivência da humanidade. Em tempos recentes, passou-se a reconhecer a gravidade dessas crises de forma mais clara, especialmente após eventos marcantes da história moderna, como as guerras mundiais do século XX, o surgimento da ameaça nuclear, o avanço das mudanças climáticas, pandemias globais, e a crescente instabilidade econômica, política e social. Esses acontecimentos trouxeram à tona a fragilidade da humanidade e reforçaram a percepção de que vivemos em um período singular e crítico da história.

O grito “Aí vem o noivo” neste contexto pode ser entendido como os alertas crescentes que estudiosos da Bíblia e pregadores têm feito, à luz dos sinais descritos nas Escrituras. Guerras, desastres naturais, a pregação global do evangelho, e o colapso de valores éticos e morais são todos indicativos de que a meia-noite profética chegou — o momento em que a humanidade está à beira de uma transição definitiva.

O Curto Período Entre o Grito e a Chegada

A parábola nos revela que há um intervalo breve entre o grito à meia-noite e a chegada efetiva do noivo. Esse curto período é de extrema importância, pois é nele que as virgens precisam estar prontas para encontrar o noivo. No entanto, as virgens néscias, ao perceberem que não têm azeite suficiente, tentam corrigir sua negligência, mas acabam perdendo o momento crucial.

Se interpretarmos essa dinâmica em termos dos eventos finais da história humana, podemos compreender que vivemos atualmente nesse curto período entre o anúncio profético da volta de Jesus e o seu cumprimento. É um momento em que as crises globais, combinadas com os sinais proféticos, clamam por uma preparação espiritual urgente, mas também é um tempo em que muitos podem ser encontrados desatentos ou despreparados.

Todas Despreparadas, Mas Com Diferentes Condições

No verso 6, o grito “Mas à meia-noite ouviu-se um grito: ‘Aí vem o noivo!’” desperta todas as virgens, revelando que, naquele momento, nenhuma delas estava completamente pronta para encontrar o noivo. No entanto, a diferença crucial entre as prudentes e as néscias é destacada logo em seguida: as prudentes tinham azeite em reserva, enquanto as néscias não.

O fato de todas as virgens estarem adormecidas no momento do grito é significativo. Isso indica que, mesmo entre os crentes, existe uma tendência ao cansaço espiritual ou à falta de vigilância diante da demora do noivo. Contudo, a condição de cada grupo se torna evidente quando o grito ressoa. As prudentes, embora inicialmente adormecidas, haviam se preparado com antecedência, mantendo uma reserva de azeite. Já as néscias, ao perceberem que suas lâmpadas estavam se apagando, entram em pânico e tentam remediar sua negligência, mas é tarde demais.

O Azeite em Reserva: Símbolo de Vida Espiritual Autêntica

O azeite, elemento central da parábola, é frequentemente interpretado como símbolo do Espírito Santo e da comunhão contínua com Deus. Na vida espiritual, ele representa:

  1. A Intimidade com Deus: O azeite é fruto de uma vida de oração, meditação na Palavra e busca sincera por Deus. É algo que não pode ser adquirido de forma instantânea ou superficial, mas que exige dedicação e entrega diárias.

  2. A Perseverança na Fé: Manter uma reserva de azeite significa estar preparado para tempos de espera e adversidade, sem perder a conexão com Deus. As prudentes demonstram essa perseverança, enquanto as néscias confiam em uma preparação insuficiente.

  3. A Dependência do Espírito Santo: O azeite reflete a atuação do Espírito Santo na vida do crente, capacitando-o a viver de forma vigilante e obediente, independentemente das circunstâncias externas.

  4. A Responsabilidade Pessoal: Cada virgem era responsável por sua própria reserva de azeite. Isso ressalta que a preparação espiritual é individual e intransferível. Não é possível depender da fé ou da espiritualidade de outros no momento crucial.

Reflexão Final

Se de fato estamos vivendo entre os versos 6 e 10 de Mateus 25, este é um tempo de graça, mas também de grande urgência. A mensagem do grito à meia-noite é um convite para abandonar a indiferença e buscar a preparação espiritual necessária. O azeite das lâmpadas, muitas vezes interpretado como o Espírito Santo e a comunhão contínua com Deus, não pode ser adquirido no último momento ou emprestado de outros. Ele é o fruto de uma vida de vigilância e entrega ao Senhor.

Que possamos estar atentos ao grito que ecoa em nossos dias, vivendo com vigilância, fé e prontidão. O noivo, Jesus Cristo, certamente virá, e que possamos ser encontrados entre os prudentes, com nossas lâmpadas acesas e cheias de azeite, prontos para entrar com Ele no banquete eterno.



terça-feira, 22 de abril de 2025

O maior estratagema do Anticristo !

 

    

    O maior disfarce usado por Satanás no cenário do grande conflito cósmico entre o bem e o mal é a aparência benigna ou piedosa. Sempre usou a mentira e o disfarce para alcançar seu intento. Desde o  jardim do Éden  até os dias atuais esta é a estratégia usada. Por isto o apóstolo Paulo advertiu os irmãos dizendo que ainda que viesse um anjo pregando outro evangelho, este deveria ser considerado anátema (maldito) - (Gálatas 1:8).

     Também o referido apóstolo exortou aos crentes de sua época a observarem bem para não serem enganados por líderes disfarçados de pessoas piedosas ou religiosas.

 "E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz.  Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras." (II Coríntio 11:14-15). 

    Assim a figura do anticristo, que desempenhará um papel relevante no tempo do fim, se caracterizará. Não será alguém com aspecto maligno ou anticristão, mas oriundo do próprio seio da igreja  e com características aparentemente elogiáveis.

    Podemos afirmar, pelo que revela  a Bíblia, que o anticristo não é apenas um indivíduo específico que surgirá no fim dos tempos, mas uma sistema religioso-político que se opõe a Cristo enquanto finge representá-Lo. Esse sistema é identificado, principalmente, com o poder simbolizado pelo "chifre pequeno" de Daniel 7, a "besta" de Apocalipse 13, e o "homem do pecado" de 2 Tessalonicenses 2.

Características do Anticristo:

  1. Blasfêmia contra Deus – Reclama autoridade divina, como perdoar pecados ou se colocar no lugar de Deus.

  2. Perseguição aos santos – Historicamente, perseguiu aqueles que se mantiveram fiéis às Escrituras.

  3. Mudança da lei de Deus – Tenta alterar os tempos e a Lei.

  4. Surgimento após o Império Romano – Se levanta entre os dez reinos após a queda de Roma, como previsto em Daniel.

  5. Liderança religiosa mundial – Ganha poder e influência global, atraindo a adoração do mundo.


    Ainda, pelo que revela a Bíblia, podemos traçar um quadro comparativo entre as características do anticristo com as características do próprio Cristo. 



  

    Um dos aspectos centrais da obra do anticristo é que ele  se apresenta como representante de Deus (II Tess. 2:3-4). A aparência de piedade, mencionada em 2 Timóteo 3:5, esconde uma realidade de rebelião contra os princípios do evangelho. Trata-se de um engano sofisticado, pois apela à tradição, à beleza do ritual, e à autoridade, enquanto contradiz a verdade bíblica.

Esse tipo de engano:

  • Conquista corações por meio do emocional e do tradicional, em vez de apelar à razão e à Escritura.

  • Ofusca a verdade com uma fachada de santidade, levando muitos a seguir líderes ou instituições que parecem espirituais, mas estão em desacordo com a Palavra de Deus.

  • Prepara o mundo para o clímax do conflito, quando a liberdade de consciência será ameaçada e a verdadeira adoração será o teste final.

    Concluindo podemos entender que o anticristo é um sistema de engano religioso que, sob aparência de santidade, promove a rebelião contra Deus. O maior perigo está justamente em sua aparência de piedade, pois engana até os sinceros que não estão firmemente alicerçados na Palavra. O grande conflito, então, é travado no campo da adoração, da obediência e da verdade — entre o evangelho puro de Cristo e o sistema de engano promovido por Satanás.


quarta-feira, 12 de março de 2025

Por que não atravessar o rio Jordão?

 


    O episódio registrado em Números 32, no qual as tribos de Rúben e Gade, juntamente com a meia tribo de Manassés, recusam-se a atravessar o rio Jordão e entrar na terra prometida de Canaã, traz lições profundas que podem ser aplicadas à igreja nos dias de hoje, especialmente no contexto que antecede a volta de Jesus Cristo.

O Contexto Bíblico

    As tribos de Rúben, Gade e a meia tribo de Manassés estavam em uma posição privilegiada. Elas haviam conquistado terras do lado oriental do rio Jordão, que eram boas para o pastoreio de seus rebanhos. Contudo, ao aproximarem-se do momento de atravessar para Canaã e tomar posse da terra prometida, um desejo de permanência e satisfação com o que já haviam conquistado tomou conta de seus corações. Estavam em um lugar confortável, já possuíam riquezas e suas necessidades estavam sendo atendidas. Por isso, ofereceram ao líder Moisés uma proposta: ficariam ali, do lado de fora da Terra Prometida, e não atravessariam o Jordão com o restante do povo.

    Moisés reagiu contra a atitude deles, pois a recusa representava uma falta de comprometimento com o projeto divino de conquista. Ele os admoesta, lembrando-os de que, ao desistirem da promessa de Deus, estariam desestimulando as outras tribos e enfraquecendo o exército de Israel. No entanto, as tribos de Rúben, Gade e Manassés se comprometem a ajudar o povo de Israel a conquistar Canaã, antes de retornarem à terra que já haviam conquistado.

 Analogia para a Igreja no Tempo Atual.

    Esse episódio pode ser visto como uma metáfora para a situação de muitos cristãos e igrejas nos dias atuais, especialmente no que diz respeito à vinda de Cristo e ao cumprimento do propósito divino.

  1. Satisfação com o Conforto Atual: Assim como as tribos de Rúben e Gade estavam satisfeitas com as terras que haviam conquistado, muitos cristãos se contentam com a vida espiritual que já possuem, sem desejar avançar mais no propósito de Deus. Há uma tendência de "acomodação", onde, após alcançarem um certo nível de crescimento espiritual, algumas pessoas ou igrejas não sentem mais a urgência de avançar, de ir além, de conquistar mais, ou de se preparar com seriedade para o retorno de Cristo.

  2. Falta de Comprometimento com a Missão Coletiva: A recusa das tribos em atravessar o Jordão sozinhas e ajudar na conquista da Terra Prometida pode ser comparada ao isolamento de algumas partes da igreja no cumprimento da missão de pregar o evangelho e expandir o Reino de Deus. Muitas igrejas ou cristãos preferem uma vida de conforto, sem se envolver nas lutas, nos desafios e na missão da evangelização e discipulado. O compromisso com a grande comissão de Cristo (Mateus 28:19-20) muitas vezes se torna secundário em relação às preocupações pessoais ou denominacionais.

  3. A Tentação de Ficar na Terra "Segura": Como as tribos de Israel estavam diante de uma terra segura para o pastoreio, muitos cristãos, em nossa época, podem se sentir tentados a "ficar em suas zonas de conforto" – longe das batalhas espirituais e da luta pela expansão do Reino de Deus. Isso reflete a postura de algumas igrejas e cristãos que preferem um cristianismo sem desafios, sem perseverança, sem a necessidade de renovação espiritual ou de preparação para a vinda de Cristo. A busca por prosperidade material, conforto ou segurança temporal pode ser um obstáculo para avançar em direção ao propósito eterno de Deus.

  4. A Promessa de Uma Vida Eterna: O exemplo das tribos de Israel também nos lembra que, embora tenham conquistado algo valioso ao ficarem com terras boas, isso não deveria ser suficiente, pois a verdadeira promessa de Deus era uma terra superior, Canaã. Da mesma forma, o cristão não pode se contentar com as bênçãos temporais, mas deve ter os olhos fixos na promessa eterna da vida com Cristo. A verdadeira terra prometida para os cristãos é o Reino de Deus, que se manifestará plenamente na volta de Jesus Cristo. Este é o objetivo final que devemos buscar, e é por esse propósito que devemos viver.

A Aplicação

Assim como Moisés exortou as tribos de Israel a não se conformarem com as bênçãos temporárias e a não se afastarem da missão, a Igreja de Cristo nos dias de hoje precisa manter seu foco na vinda do Senhor e na missão de expandir o Seu Reino. A busca pelo conforto pessoal e pelas "terras já conquistadas" não deve impedir a Igreja de se envolver ativamente no cumprimento da grande comissão.

Estamos nos aproximando da volta de Cristo, e a igreja não pode se contentar com uma vida cristã sem ardor missionário, sem compromisso com a santidade e sem viver a expectativa da vinda do Senhor. Devemos ser como o apóstolo Paulo, que, ao final de sua vida, disse que "luta boa combati, acabei a carreira, guardei a fé" (2 Timóteo 4:7), com uma visão focada no prêmio eterno.

Portanto, a atitude de Rúben, Gade e Manassés serve como um alerta para todos os cristãos: não nos contentemos com as atrações deste mundo ou mesmo com as bênçãos já recebidas, mas olhemos firmemente para o futuro, para a promessa de Deus, que se cumprirá plenamente na volta de Jesus Cristo.




segunda-feira, 3 de março de 2025

A falácia do perfeccionismo!

 


        A visão adventista sobre a salvação e a santificação tem um foco claro no processo contínuo de transformação que ocorre na vida do cristão. De acordo com a Bíblia,  a santificação é uma obra progressiva do Espírito Santo, que deve ser cultivada ao longo da vida do cristão.  Já o o perfeccionismo, ou seja, a ideia de que a última geração de crentes estará além da possibilidade de pecar,  é uma visão extremista, chegando a ser  contraditória à compreensão bíblica sobre a natureza humana e a salvação.

    O perfeccionismo, entendido como a crença de que um grupo específico de cristãos será completamente livre de pecados antes da segunda vinda de Cristo, não encontra respaldo nas Escrituras. Ao contrário, a Bíblia nos ensina que, enquanto vivermos nesta terra, todos os seres humanos ainda estão sujeitos às fraquezas e tentações da carne. Em 1 João 1:8-10, é declarado que "se dissermos que não temos pecado, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós." Essa passagem nos lembra que a perfeição humana não é alcançada por esforço próprio, mas que somos todos dependentes da graça de Deus para a nossa salvação.

    O apóstolo Paulo escreveu: " Não que já a tenha alcançado, ou que já seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus.  Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus." (Filip. 3:12,13).

    Nem mesmo o profícuo apóstolo Paulo considerava ter alcançado a perfeição. Antes se colocava como alguém que olhava para o alvo, que com certeza é Jesus, nosso modelo e exemplo maior a ser seguido.   Dentro desta perspectiva, a ideia de que a última geração de crentes será livre de pecar também contraria a ênfase na dependência constante de Cristo. A Bíblia fala sobre a santificação como uma transformação diária, mas sempre com a consciência de que a vitória final sobre o pecado será alcançada apenas pela intervenção de Deus no momento da segunda vinda de Cristo. Em 1 Coríntios 15:51-52, Paulo fala da transformação que ocorrerá quando Cristo voltar: "num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta." Este é o ponto culminante onde a natureza humana será plenamente restaurada, e a promessa de liberdade do pecado será cumprida.

    Portanto, a visão de que a última geração de crentes será livre da possibilidade de pecar está em desacordo com o ensino bíblico sobre a natureza humana caída e a necessidade de uma contínua dependência da graça divina. Em vez de promover uma ideia de perfeccionismo que leva à confiança em nossos próprios méritos, os crentes devem se sentir chamados a viver em humildade, reconhecendo suas falhas e buscando uma transformação contínua pela ação do Espírito Santo.

    Ao invés de buscar a perfeição em si mesmos, somos ensinados a olhar para Cristo, cuja perfeição e graça são a única fonte de salvação e transformação. A esperança é a de que, por meio de Cristo, seremos finalmente libertos do poder do pecado na segunda vinda, e não por um esforço humano isolado de Deus. O chamado é para a vigilância e o amadurecimento espiritual, confiando sempre na obra de Cristo em nossas vidas e aguardando com fé a completa restauração prometida.





segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Deus vê o coração !

 


"O homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração." (I Samuel  16:7b)

    Ao contrário dos seres humanos que focalizam o exterior ou as aparências, Deus concentra seu olhar nas intenções, sentimentos e propósitos. Podemos praticar boas e louváveis ações mas com um propósito  egoísta. Podemos até ludibriar muita gente mas nunca a Deus. Ele nos vê a partir dos anseios mais profundos da alma e sabe qual o nível de vaidade ou mero exibicionismo em nossas demonstrações de piedade.

    Não são as riquezas ou aparência exterior que impressionam a Deus, mas a manifestação interior desapegada de vanglória, exaltação própria e ostentação. Há pontos que Deus valoriza ao ver o nosso coração:

  • Um coração sincero: Deus ama a verdade no íntimo (Salmo 51:6). Ele não busca perfeição, mas sinceridade.
  • Um coração quebrantado: Em Salmo 51:17, Davi declara que um coração quebrantado e contrito Deus não despreza. Quando reconhecemos nossa dependência d’Ele, nosso coração se alinha ao que Ele deseja.
  • Um coração obediente: Como Davi, devemos buscar obedecer à vontade de Deus, mesmo quando falhamos. A obediência é a maior prova de amor a Deus (João 14:15).

    Olhando os personagens bíblicos podemos citar três exemplos de corações que agradaram a Deus:     

  • Davi: Apesar de seus erros, Davi foi chamado "um homem segundo o coração de Deus" (Atos 13:22). Por quê? Porque ele se arrependia sinceramente e buscava constantemente a Deus.
  • Maria: A mãe de Jesus tinha um coração humilde e disposto a servir, dizendo: "Eis aqui a serva do Senhor" (Lucas 1:38).
  • Jesus: O maior exemplo de um coração puro, cheio de amor e compaixão. Ele viveu para fazer a vontade do Pai e nos ensinou a amar de verdade.     

    Como cultivar um coração que agrada a Deus?

  • Examine-se: Peça a Deus que sonde seu coração, como Davi fez em Salmo 139:23-24: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração."
  • Arrependa-se: Reconheça suas falhas e peça perdão. Deus é fiel para nos purificar (1 João 1:9).
  • Busque a presença de Deus: Passe tempo em oração, leitura da Palavra e louvor. É na intimidade com Deus que nosso coração é transformado.
  • Pratique o amor: Um coração que agrada a Deus é um coração que ama os outros, como Jesus nos ensinou.                                                                                                  

  Hoje, devo perguntar a mim mesmo: O que Deus está vendo ao olhar para o meu coração? Talvez seja hora de entregar a Ele tudo o que está escondido, todas as dores, falhas e inseguranças. Ele não rejeita um coração quebrantado. Ele nos quer transformar e dar uma nova forma de viver!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Conexão com Deus!

 

    
    A primeira e principal preocupação do ser humano deve ser sobre sua situação com Deus.  Pela revelação bíblica, a partir da queda de Adão e Eva, passamos a estar numa condição de inimizade com Deus, tendo Ele a iniciativa de procurar o ser humano para expor a situação e propor a solução.
    O apóstolo Paulo afirma que fomos reconciliados pela morte de Jesus Cristo, no entanto o texto continua dizendo que somos salvos por sua vida (de Jesus). 

"Se quando éramos inimigos de Deus fomos reconciliados com ele mediante a morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua vida!" (Romanos 5.10).

    Somos salvos não somente pela sua morte,  esta  pagou o preço da nossa culpa, mas é pela vida de Jesus que somos salvos. Ou seja, é pelo ministério sumo sacerdotal do Senhor Jesus que somos salvos para a vida eterna. Isto quer dizer  que a reconciliação com Deus não é apenas um fato histórico, mas também é algo que deve ocorrer em nossa experiência de vida .

     Estar reconectado a Deus depende de nossa resposta ao dom de Sua graça e por esta mantemos interação com Ele. Este pensamento já era expresso pelos autores do Antigo Testamento. O salmista Davi assim expressou:

"Não escondas de mim a tua face, não rejeites ao teu servo com ira; tu foste a minha ajuda, não me deixes nem me desampares, ó Deus da minha salvação." (Salmo 27:9).

    A Bíblia em inúmeras partes considera o relacionamento do homem com Deus como um vínculo de amizade, aproximação e interação. Jesus mesmo disse:

"Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer." (João 15:15).

    Uma das coisas que deve existir entre amigos ou pessoas próximas é afinidade. São os gostos, valores e interesses que determinam uma amizade ou mantêm um casamento. Quando uma das partes se afasta ou se diferencia da outra há um esfriamento da amizade ou mesmo um rompimento dela. Jesus disse:

 "Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor." ( João 15:10).

    Neste processo de estar conectado com Jesus é imprescindível manter reconhecimento, respeito e obediência aos seus princípios e mandamentos. Neste mundo podemos nos afastar do caminho do Mestre e caso não vigiarmos podemos acabar tão alheios aos seus ensinos como quem nunca os conheceu.

    É por isto que vivemos o discipulado e a vida devocional é um revigorante para resistirmos aos desvios do mundo e às astutas ciladas do diabo. Dia a dia e momento a momento somos desafiados por estímulos da nossa própria carne ou por tentações exteriores para transitarmos por  outros caminhos. São situações que geralmente são enfrentadas com  renúncia própria e abnegação. 

    A vitória ao mundo só é possível com o olhar constante no Senhor Jesus, Ele é o exemplo a ser seguido e dele vem inspiração e força para resistirmos ao mal.

"Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus." (Hebreus 12:2). 

    A conexão com Deus só é possível pela obra intercessora de Jesus, o qual atende com graça e amor a nossa prece. Pedimos e clamamos por socorro, paz, perdão, capacitação, amor e paciência; coisas que são frutos e dons do Espírito Santo.

    Estar conectado a Deus é o grande objetivo de todo cristão. Estar reconciliado implica em manter o vínculo de confiança e fidelidade com Ele. 


sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Relacionando-se com o Eu Sou !

 


Serviço - Um requisito para o Reino de Deus!

 


    Uma questão que se diferencia dos valores daqui da Terra é a nossa postura no reino de Deus. Os discípulos de Jesus sabem que servir tem valor no reino de Deus. Foi o próprio Jesus que deu uma lição de serviço e humildade na noite que antecedeu sua prisão e morte. Ele disse:

"Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que, entre vós, quiser ser grande será vosso serviçal. E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro será servo de todos. Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos." (Mateus 10:43-45.

    A postura natural ou carnal do ser humano é de buscar um lugar de destaque ou que possa dar a condição de ser reconhecido, exaltado e até mesmo reverenciado. No reino de Deus esta lógica é quebrada, dando-se ênfase na humildade, abnegação e altruísmo. O altruísmo demonstra interesse no outro ao abrir mão do interesse próprio. João Batista foi um ícone neste aspecto ao dizer: "Importa que Ele (Jesus) cresça e eu diminua" (João 3:30).

    Hoje vemos muitos se colocarem como seguidores de Jesus sem seguir o seu exemplo. Depois de um bom tempo de professo cristianismo ainda sustentam os dogmas e valores do mundo, nos quais a primazia não está no serviço mas na posição em si.

    A Bíblia dá em resumo as características de um verdadeiro discípulo: "Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus." (Miqueias 6:8).

Ellen White assim se referiu ao caráter dos verdadeiros seguidores de Cristo:

"O verdadeiro caráter de Cristo era de abnegação e amor. Ele não veio para ser servido, mas para servir. Sua vida foi uma constante renúncia ao próprio eu, para que outros pudessem ser abençoados." (DTN, cap. 1).

"Os pobres de espírito, que reconhecem sua necessidade de Deus, os que choram pelo pecado e os mansos que se submetem à vontade divina são os verdadeiros discípulos. Estes refletem o caráter de Cristo em sua simplicidade e abnegação." (MDC, cap. 3).

"Cristo nos deixou um exemplo de humildade e serviço abnegado. Ele desceu da glória do Céu, assumindo a forma de servo, para que pudéssemos aprender a grandeza do verdadeiro caráter." (AA, cap.57).

    Os professos seguidores de Jesus Cristo devem observar os critérios do reino de Deus para não se frustrarem no futuro, nas palavras de Paulo, "não obrarem em vão",  para não receberem uma resposta negativa do Senhor no dia de sua vinda.

    A caminhada do crente pode ser resumida em desapego e amor. Por um lado, muitas vezes, é necessário renunciar a posições, cargos ou privilégios, assim como fez Jesus e os apóstolos. Por outro lado deve-se amar mais, tanto os irmãos quanto os demais e até mesmo os inimigos. Sustentar um cristianismo à luz dos valores do mundo é fácil e cômodo, já à luz de Cristo requer radicalidade e desprendimento. 

    Clamo a Deus para que sua graça nos alcance e seu Espírito molde nossos corações da forma que Lhe agrade. Amém!


quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

O Natal e a chegada do Reino de Deus !


     

    Os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas dão  ênfase na chegada do reino de Deus com o ministério do Senhor Jesus Cristo. O reino de Deus chegou mas não ainda em sua plenitude. Já João dá ênfase à nova vida ou vida eterna como possibilidades imediatas, mesmo ainda não sendo realidades consumadas. No decorrer de toda a história cristã o reino de Deus se realiza no aspecto pessoal e individual dos cristãos, sendo estes os agentes que não somente anunciam a vinda do reino, como também  influenciam a sociedade com os valores deste reino através de suas atitudes e comportamento.  

    Contudo, até que o reino de Deus se estabeleça em sua plenitude o mundo continua sendo do Maligno (I João 5:19); e  as  mazelas deste fato são vistas e sentidas em todas as dimensões da vida.

    Jesus disse: "Tenho vos dito isto, para que tenhais paz; neste mundo tereis aflições,  mas tende bom ânimo, eu venci o mundo." (João 16:33).

    Olhando o mundo hoje, após  2.000 anos da primeira vinda de Jesus, contemplamos consternados o agravamento dos conflitos, dores e sofrimentos. Conflitos não somente entre  nações, mas também no aspecto individual, ideológico, político e familiar. Acentua-se o anseio pela consumação do reino de Deus, que com a volta de Jesus encerrará os dilemas e toda a problemática humana.  

    A escritora Ellen White também expressa o reino de Deus tanto como uma realidade presente, bem como uma manifestação futura. Alguns textos seguem abaixo:

"O reino da graça foi instituído imediatamente após a queda do homem, quando um plano foi concebido para a redenção da raça culpada. Ele então existia na intenção e pela promessa de Deus; e pela fé, os homens podiam tornar-se seus súditos. Contudo, só foi realmente estabelecido no momento em que Cristo deu Sua vida." (O Desejado de Todas as Nações, p. 234).

"Devemos viver cada dia como se estivéssemos na presença de Deus. Precisamos estar prontos para o grande dia do Senhor, porque virá como um ladrão na noite." (Eventos Finais, p. 11).

"A glória do reino de Deus será revelada no segundo advento de Cristo à terra. O Redentor virá em poder e majestade, acompanhado por miríades de anjos santos." (O Grande Conflito, p. 640).

Conclusão: Devemos viver e trabalhar pelo reino de Deus, em especial agora que sua  consumação  se aproxima através da breve volta de Jesus Cristo à Terra. Todos os anseios deveriam se voltar para esta realidade  redentora que é almejada pelas gerações de crentes de todas as épocas.