Às vezes reflito na possibilidade de meu coração sentir plenitude com os prazeres e delícias deste mundo. É como se, diante da possibilidade de alcançar certo nível de estabilidade — uma vida confortável, um bom padrão socioeconômico, viagens, sabores raros, experiências refinadas; eu começasse a olhar para estas coisas como metas finais, e não como bênçãos passageiras. E é tentador imaginar um ciclo contínuo de prazeres: comer o que há de melhor, contemplar cenários magníficos, conhecer lugares deslumbrantes, viver experiências que o mundo chama de “realizações”. Parte de mim, confesso, já sonhou com isso como se aí estivesse escondida a felicidade.
Mas quando deixo a alma falar mais fundo, percebo uma verdade incômoda: nenhuma dessas coisas satisfaz por completo. Elas encantam, mas não sustentam. Alegram, mas não preenchem. É como se, depois de um tempo, tudo se tornasse “mais do mesmo”. A intensidade do novo vira rotina, a emoção vira lembrança, o prazer vira hábito e, no fim, nada disso acalma as carências profundas que carrego dentro de mim.
E o que é isso? Talvez seja exatamente aquilo que Schopenhauer enxergou como o dilema da existência humana: uma busca incessante por satisfação que, tão logo alcançada, se dissolva no tédio e na repetição. E quando penso nisso, lembro-me das palavras atribuídas a Dostoiévski, de que existe no ser humano uma lacuna do tamanho de Deus. Talvez essa aspiração íntima não saciada, que mesmo as melhores experiências deste mundo não conseguem preencher seja a carência Dele, um desejo por dignidade, realização e glória que transcende a tudo que existe aqui.
Percebo, então, com mais clareza, que preciso dEle. Preciso do Deus que me criou com essa sede e que é o único capaz de saciá-la. Preciso da promessa de Jesus, não como uma doutrina distante, mas como a âncora da minha identidade e o destino definitivo do meu coração. É por isso que a volta de Jesus se torna, para mim, mais do que um evento teológico: torna-se a suprema esperança.
É nela que a inquietação da minha alma encontra repouso. É nela que minhas contradições ganham sentido. É nela que a eternidade deixa de ser um conceito abstrato e passa a ser o lar para o qual sempre estive destinado.
E por isso, mesmo quando o mundo me oferece seus brilhos, mesmo quando meu coração flerta com a comodidade, há algo mais forte, mais profundo, mais verdadeiro me chamando. Uma voz que diz:
“A tua plenitude não está aqui. A tua vida está em Mim.”
"Ele fez tudo belo a seu tempo. Também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este consiga compreender a obra que Deus fez do começo ao fim." (Eclesiastes 3:11).

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