segunda-feira, 16 de novembro de 2020

‘Davos do Papa’ mobiliza jovens católicos em debate sobre rumos da economia

Era para ser um grande evento público, com participação de mais de 3 mil inscritos de 100 países diferentes para debater, em Assis, na Itália, os rumos da economia atual. Mas veio a pandemia e o encontro, com palestras de prêmios Nobel, acadêmicos e líderes empresariais convocados pelo papa Francisco, contudo, foi prorrogado de março para novembro. E agora, com a covid-19 ainda em estágio preocupante, ocorrerá online, entre os dias 19 e 21.

Apelidado de “a Davos do papa” - em alusão ao mais importante fórum econômico mundial -, o encontro mobiliza principalmente jovens católicos. No Brasil, eventos preparatórios começaram há um ano. “Mais importante do que o próprio evento, é a amplitude das discussões pelo mundo afora”, afirma o economista Ladislau Dowbor, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Para ele, o atual contexto mundial “é eticamente vergonhoso”. “Não foram os pobres que criaram esta desigualdade. O mundo produz o equivalente a 85 trilhões de dólares de bens serviços ao ano, o que dividido pela população mundial daria R$ 15 mil por mês por família de quatro pessoas”, afirma Dowbor. “Uma desigualdade um pouco mais moderada poderia assegurar a todos uma vida digna e confortável.”

Integrante da Comissão Justiça, Paz e Integridade da Criação dos Frades Capuchinhos do Brasil, frei Marcelo Toyansk Guimarães destaca a importância dos vários encontros realizados no País como preparação para o evento, nos quais se discutiu o tema a partir da realidade brasileira. “Houve um grande encontro na PUC e isso tem se replicado em cidades como Campinas, Piracicaba, Belo Horizonte, Marília, Porto Alegre e muitas outras.”

Para o sociólogo Eduardo Brasileiro, que atua no coletivo Igreja Povo de Deus em Movimento e trabalha com educação popular e mobilizou os jovens brasileiros, o evento não se encerra em Assis. “Aguardamos ansiosos o evento. Acreditamos que mais do que Assis nos pautar, nós pautaremos Assis com iniciativas reflexivas, de organização social e de mudança de paradigma.”

Nova economia

Mas o que é, afinal, essa “nova economia” proposta por Francisco? “É uma provocação para um mundo em ruínas”, diz Brasileiro. “O encontro convocado pelo papa deve olhar para o avançar da concentração de renda nas mãos de poucos e a miséria crescendo em vários países.”

Já o vaticanista brasileiro Filipe Domingues, doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, define a proposta como um contraponto ao pensamento dominante da economia mundial. “Não é uma ruptura à economia capitalista, mas a defesa de uma economia não tão focada no crescimento econômico e sim na melhor distribuição de renda, no social, no que é melhor para as pessoas.”

Domingues lembra que criticar problemas mundanos não é uma novidade de Francisco. Leão XIII (1810-1903), em sua encíclica Rerum Novarum, discutiu as agruras do operariado pós-Revolução Industrial, Paulo VI (1897-1978) demonstrou preocupação com o avanço da globalização, João Paulo II (1920-2005) defendeu o direito ao trabalho e Bento XVI criticou o fato de que a técnica está se sobrepondo ao ser humano.

“Há uma doutrina social da Igreja. Mas Francisco chega com uma crítica mais forte e mais objetiva. Ele fala que a economia tal como está é uma economia que mata”, explica Domingues. “Antes, nenhum papa havia falado desta forma. Francisco aponta que a economia justa é aquela que dá terra, casa e trabalho para todo mundo. E isso não é uma crítica vazia. Ele diz que do jeito que está o mundo não vai mais funcionar. Para o papa, a gente pode e é capaz de ter um sistema mais justo.”

Personalidades

Entre os participantes do evento, há nomes de peso como o economista e banqueiro bengali Muhammad Yunus, Nobel em 2006, o economista norte-americano Jeffrey Sachs, a ativista e ambientalista indiana Vandana Shiva, o sociólogo, ativista e escritor italiano Carlo Petrini e Pauline Effa, que atua no Fórum Internacional Social e de Economia Solidária.

“Nutro a esperança de que o evento seja o começo de uma jornada que, por mais trabalhosa e complexa que seja, valha a pena iniciar, que dela advenha um autêntico projeto de transformação - não apenas reformista - da ordem social atual”, afirmou ao Estado o economista italiano Stefano Zamagni, que está entre os palestrantes. “Progredimos com as raízes que desenvolvemos. E, para tal empreendimento, as raízes são profundas e muito vigorosas.”

Meio ambiente

Em sua carta de apresentação, Francisco lembrou que o encontro não deve ser simplesmente católico. “Ele convocou todas as pessoas, mesmo aquelas que não têm o dom da fé”, diz frei Guimarães.

As discussões devem trazer à tona problemas ambientais, tema caro ao papado de Francisco. “Estamos em um cenário de colapso ambiental e humano. Os primeiros prejudicados são os mais pobres”, prossegue Guimarães. “O papa visa à sobrevivência da humanidade. Não há outro caminho, senão o cuidado com a casa comum, que hoje vem sendo atropelada.”

Outro dos palestrantes confirmados, o economista Bruno Frey, professor da Universidade da Basileia, aponta as direções que seu pronunciamento deve tomar. “A crise climática é apenas um dos muitos desafios. Há ainda as questões de guerras, mobilidade, refugiados, pandemia”, diz. “O importante é que a geração mais jovem apareça com ideias criativas para lidar com esses problemas de maneira humana.” Mais: www.francescoeconomy.org 

Fonte: ESTADÃO

NOTA. O Papa mais e mais se despoja da figura de um líder espiritual, assumindo prerrogativas de um líder político. Assuntos das esferas terrenas como economia, meio ambiente, distribuição de renda, passam a estar no foco de sua atuação. Zygmunt Balman declarou que o Papa é o único capaz de ser o  líder de uma nova ordem mundial. Interessante é ver que enquanto certos cristãos ficam prevendo que o anticristo virá de algum recôndito lugar do mundo, se levantando do anonimato para de repente dominar o mundo todo, este líder já está atuando há séculos, com certeza um dos mais influentes da história e em breve imporá ao mundo diretrizes que afetarão a consciência e a vida particular das pessoas.




sexta-feira, 6 de novembro de 2020

A polarização política e os eventos finais

    Vivemos num tempo de forte polarização política e ideológica sem igual em outros tempos. Nos EUA,   os partidos Republicano e Democrata assumem o protagonismo das disputas político-partidária naquele país, onde o partido Republicano defende  valores conservadores, bem como o capitalismo liberal e o nacionalismo como regente da política externa, ou seja, os EUA em primeiro lugar. Já o partido democrata defende um maior intervencionismo do Estado na economia. No cenário externo manifesta um alinhamento com as agendas globalizantes defendidas por lideranças políticas da Europa e de grupos de ativismos socioambientais. 
         Com relação a recente disputa política norte-americana, vimos que Donald Trump perdeu a reeleição por questões relacionadas a severidade da pandemia da Covid-19 em seu país, que causou além de muitas mortes,  uma crise econômica bem grave. Isto indica que diante de uma crise ou situação de risco as populações tendem a aceitarem um maior intervencionismo do Estado.  As pessoas aceitam perder direitos individuais desde que lhes seja garantido  segurança e perspectiva de futuro. Ações invasivas  do Estado que comprometem a liberdade individual e mesmo a privacidade passam a serem aceitas diante de uma crise ampla e grave. Temos como exemplo disto inúmeras situações decorrentes de guerras, epidemias ou catástrofes naturais.
       Como cristãos leitores da Bíblia sabemos  que os últimos dias neste mundo, segundo o Apocalipse, o livro que narra eventos relacionados ao tempo do fim, será marcado por crises agudas e globais. Por outro lado o mesmo livro narra que se levantará um poder que trará uma imposição arbitrária que impedirá de comprar ou vender a todos aqueles que não aceitarem tal imposição (Apoc. 13). 
      Segundo a escritora e profetiza Ellen White, em sua obra "O Conflito dos Séculos", partirá dos EUA a iniciativa de impor um sinal ou marca que se infringida impedirá as pessoas de comprar ou vender. Confesso que, por algum tempo, duvidei de tal previsão, em especial no tempo da guerra fria, em que os EUA e União Soviética disputavam espaço na geopolítica internacional. Hoje a hegemonia econômica e militar estadunidense torna a citada previsão plenamente possível. 
      Em decorrência do agravamento dos problemas ambientais de amplitude global, torna claro a necessidade de uma liderança política, que poderá ser exercida por uma nação, que determine ações e projetos exemplares ao restante do mundo. Na minha opinião somente os EUA tem a qualificação necessária para desempenhar este papel, tendo em vista sua influência política e econômica.
     Não podemos dizer que será um presidente republicano ou um democrata  quem trará as medidas que envolverão a violação da consciência das pessoas. Apenas é sabido que o partido Democrata é vinculado solidariamente as agendas globais e que é adepto a um intervencionismo maior por parte do Estado. Outrossim reconhecemos que os ingredientes para uma "tempestade  perfeita" estão diante de nós. Nunca se falou tanto numa crise ambiental global como agora. O propalado aquecimento global e suas consequências econômicas e sociais tiram o sono das grandes lideranças do mundo. Esta é uma crise que já é denominada de "emergência climática". O mundo sonha por  medidas ou por um projeto que seja suficientemente eficaz em conter tal ameaça.   
     Os cristãos que conhecem a Bíblia sabem que a solução definitiva para todos os problemas do mundo virá somente com a segunda vinda do Senhor Jesus. E que os problemas verificados hoje e que nos trazem tanta preocupação são sinais que indicam a proximidade de Sua volta. Sendo assim percebemos o quanto estamos nos aproximando do fim desta era e da consumação dos séculos.
     Sobre a questão da polarização política e ideológica hoje presente no mundo, percebemos que o Apocalipse também apresenta uma polarização religiosa no tempo do fim. De um lado estarão o grupo dos seguidores do Cordeiro, que  receberão o seu selo (Apoc. 14.4; 17.14) e de outro lado estará o grupo dos que seguem a Besta e receberão sua marca (Apoc. 13,15; 19.20). Toda a humanidade estará dividida entre estes dois grupos. 
     O que vai fazer a diferença nesta ocasião não será as preferências políticas manifestadas hoje, mesmo  que os partidos de direita estejam melhor alinhados aos princípios defendidos pela Bíblia. O fator preponderante no tempo do fim envolverá um tema que vai além de questões éticas, dirá respeito diretamente ao tema adoração. Portanto, na hora da provação  final que envolverá o mundo, o divisor de águas será a fidelidade e a  obediência à  palavra de Deus e aos seus mandamentos (Mat. 7.21). 
     Em face dos sinais decorrentes do cenário político e religioso hoje no mundo, cabe ao fiel cristão buscar o preparo adequado. Não sabemos ao certo quando será a volta de Jesus, mas reconhecemos os sinais de sua proximidade. Se ainda decorrerá uma década ou mais, não se pode afirmar com precisão,  mas nunca se pode relacionar tantos fatos à segunda vinda de Jesus como agora. Estejamos  preparados, nosso Senhor logo Virá!


Aguinaldo C. da Silva