terça-feira, 1 de março de 2022

O Conservadorismo como justificativa ao Autoritarismo


     Nos últimos tempos temos visto o "conservadorismo" como instrumento político de conquista do eleitorado ou forma de captação de apoio popular. Líderes políticos, geralmente de postura nacionalista, tem apresentado um discurso conservador e isto tem atraído uma parcela da sociedade ligada a fé e aos valores religiosos.

    Esta postura conservadora na política parece ser algo positivo, pois caminhamos num tempo em que os valores morais e os princípios religiosos estão sendo desprezados. Posturas e ideologias liberais estão surgindo e muitas vezes se tornam uma ameaça aos valores cristãos.  Mas uma coisa que não podemos perder de vista é a amplitude dos princípios morais. Neste aspecto temos que julgar as coisas na sua integralidade. Neste aspecto tem que ser dito que os fins nunca justificam os meios, ou seja, um mal não pode ser combatido por meios ilícitos ou por instrumentos não baseados na  verdade.  

    Em termos práticos podemos dizer que um líder político não pode se perpetrar no poder às custas da liberdade de seu povo, sacrificando princípios democráticos consolidados. Infelizmente esta é a tônica de de regimes totalitários no mundo. Sabemos que a democracia não é um regime perfeito, mas é o melhor que temos ou que foi produzido até aqui. Regimes autoritários  se caracterizam pelo cerceamento da imprensa,   proibição da livre expressão de pensamento, realização de processos eleitorais fraudulentos, cassação de opositores, não permissão de transparência em processos e atos governamentais. Podemos citar como exemplos destes regimes: China, Rússia, Cuba, Coréia do Norte e alguns países islâmicos.

    Sendo assim vem a pergunta: Até que ponto vale à pena apoiar um regime autoritário pelo motivo deste resguardar uma agenda conservadora? A resposta a isto demanda uma observação histórica. Regimes do passado, como o Nazismo e o Fascismo, também se demonstravam "conservadores" em muitos aspectos e isto acabou atraindo  apoio popular. Talvez a melhor forma de discernir a validade de um regime político é observando seus frutos. Tais regimes citados acabaram causando genocídios, perseguição e discriminação. Geralmente são movidos por um interesse ambicioso de expansão,  que leva à tentativa de conquistar outras nações. 

    Portanto, em resumo, o que  pretendo dizer é que o "conservadorismo", muitas vezes, pode ser apenas um rótulo de atração de apoio popular usado na política, mas que pode esconder uma índole  maligna e repulsiva. Um bom governo se caracteriza pela valorização da vida, pelo futuro das próximas gerações, por priorizar o bem coletivo global e não somente o individual. 

    Um governante correto não pode se preocupar só com o que acontece dentro das fronteiras de seu território ou se interessar apenas pelo que traz vantagem ao seu país. Um bom governo, nos dias atuais, tem que ser também um estadista, alguém comprometido com a manutenção da paz, a contenção da injustiça e a proclamação da verdade onde quer que seja.

    Vivemos num tempo no qual as coisas se confundem facilmente e a observação superficial das coisas pode levar a equívocos irreparáveis. Isto também envolve o contexto político. Sabemos que, segundo a  Bíblia, não podemos esperar um futuro brilhante para nosso mundo, mas podemos, por boas escolhas, amenizar os males que estão por vir. Em outras palavras, não podemos mudar a trajetória profética dos eventos finais, mas podemos e devemos  agir sim conforme  a nossa consciência aponta ser mais digno, justo e honesto no sentido amplo ou mais abrangente possível. Seguir ou deixar se orientar por rótulos superficiais, informações sem fonte fidedigna ou teorias mirabolantes,  pode ser um ledo engano.

Aguinaldo C. da Silva