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sexta-feira, 2 de maio de 2025

Os "Candidatos à Besta do Apocalipse" e a Estabilidade da Interpretação Historicista

 


    Ao longo da história recente, diversas figuras públicas — especialmente líderes políticos influentes — foram apontadas, por intérpretes de viés futurista, como possíveis candidatos a ocupar o papel da Besta do Apocalipse descrita em Apocalipse 13. Entre os nomes que já receberam tal designação estão: Ronald Reagan, Barack Obama, Emmanuel Macron e Donald Trump. Em todos os casos, os motivos variaram de numerologia (como o caso de Reagan, cujo nome completo "Ronald Wilson Reagan" tem três palavras de seis letras — 666)1, à retórica carismática, influência internacional, ou políticas polarizadoras.

    Essas interpretações vêm, em sua maioria, da escola futurista, especialmente em sua vertente dispensacionalista, que ganhou força com os escritos de John Nelson Darby no século XIX2 e foi posteriormente popularizada nos Estados Unidos através da Scofield Reference Bible (1909)3. O dispensacionalismo entende que grande parte das profecias de Daniel e Apocalipse se referem a eventos ainda futuros, geralmente vinculados ao período da chamada "Grande Tribulação". Nessa perspectiva, a Besta é muitas vezes entendida como um líder político mundial que surgirá nos últimos dias, possivelmente à frente de um governo global.

    Essa abordagem, no entanto, tem levado a um padrão de constante revisão e atualização de candidatos ao papel da Besta, à medida que o cenário político internacional muda. A cada nova eleição ou conflito, surge um novo "anticristo em potencial", criando um ciclo de previsões que raramente se concretizam e acabam sendo descartadas com o tempo. Esse fenômeno levanta questões sérias sobre a estabilidade hermenêutica desse modelo.

    Por outro lado, a escola historicista (que está na base da visão Adventista) oferece um contraste notável. Essa abordagem interpreta as profecias apocalípticas como se cumprindo progressivamente ao longo da história, desde os dias dos apóstolos até a consumação final. Essa linha foi amplamente adotada por reformadores protestantes como Martinho Lutero, João Calvino, John Knox e os puritanos ingleses, que identificaram a Besta, bem como o "homem do pecado" de 2 Tessalonicenses 2, com o sistema papal romano. Lutero, por exemplo, declarou: "Eu estou convencido de que o Papa é o anticristo verdadeiro"4.

    Autores historicistas como Isaac Newton, em sua obra Observations upon the Prophecies of Daniel, and the Apocalypse of St. John (1733), interpretaram os eventos de Apocalipse como representações simbólicas da história da Igreja, incluindo o surgimento do papado, as perseguições medievais, a Reforma e os conflitos europeus subsequentes5. Essa leitura não depende de especulações baseadas em figuras contemporâneas, mas de uma estrutura contínua e coerente, que busca reconhecer o desenvolvimento do cristianismo institucional ao longo dos séculos como o palco do cumprimento profético.

    Enquanto o futurismo tende a ser reativo aos eventos atuais — levando a interpretações frequentemente sensacionalistas — o historicismo mantém uma abordagem sistemática, ancorada em eventos históricos já realizados. A repetida troca de nomes e rostos no papel da Besta entre os futuristas pode, portanto, ser vista como evidência de uma certa fragilidade interpretativa. Em contraste, a escola historicista permanece notável por sua consistência exegética ao longo de mais de cinco séculos.

    Em termos teológicos, essa estabilidade pode ser entendida como um reflexo de uma hermenêutica mais sólida, que reconhece a progressividade da revelação histórica. O futurismo, ao deslocar o cumprimento profético para um futuro indefinido, frequentemente desconsidera o papel central da história da Igreja — e, consequentemente, da luta entre verdade e erro — como o palco primário da batalha escatológica.

Conclusão

    A multiplicidade de "candidatos à Besta" sugeridos por futuristas ao longo das últimas décadas evidencia um problema fundamental: a falta de estabilidade hermenêutica. Em contraste, a abordagem historicista oferece um modelo interpretativo que, embora menos popular em círculos modernos, apresenta uma coerência histórica notável e se ancora na tradição reformada. Esse contraste levanta uma questão importante: estariam os eventos do Apocalipse mais conectados à história já percorrida do que a um futuro sempre em mutação? Para muitos estudiosos historicistas, a resposta continua sendo um firme "sim".

Referências :

  1. Moyer, Elgin. Who Was Who in Church History. Keats Publishing, 1974. Essa alegação sobre Reagan se popularizou entre grupos de interpretação literalista e conspiratória.

  2. Darby, John Nelson. The Collected Writings of J.N. Darby, Vol. 2: Doctrinal. London: G. Morrish, 1867.

  3. Scofield, C. I. The Scofield Reference Bible. Oxford University Press, 1909. A obra foi crucial para espalhar o dispensacionalismo nos EUA.

  4. Lutero, Martinho. WA (Weimarer Ausgabe), Vol. 8, p. 708. Ver também: An den christlichen Adel deutscher Nation, 1520.

  5. Newton, Isaac. Observations upon the Prophecies of Daniel, and the Apocalypse of St. John. London: J. Darby and T. Browne, 1733.


sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

A besta da terra falando como dragão !

 


    Ao contrário da besta do mar (Apoc. 13:1), que surgiu nomeio dos povos, a besta da terra (Apoc.13:11) surge da terra, que em profecia pode ser interpretado como vastidão deserta ou lugar pouco povoado. Sabemos que a América do Norte foi colonizada pelos pais peregrinos que fugindo da perseguição na Europa transpuseram o oceano para  viver com liberdade as suas crenças. 

    Com os seus ideais baseados no protestantismo e no republicanismo, os "dois chifres", os  Estados Unidos da América começaram como uma nação baseada em  princípios  de liberdade civil e religiosa. Apresentando um início benigno, aparentando ser uma nação cristã, era representada na profecia como um cordeiro, porém no final revelaria outra face muito diferente, ou seja, que falará como um dragão (verso 11).   

    Por muito tempo se cogitou que jamais os EUA deixariam de ser uma nação democrática, respeitando direitos individuais e de minorias, sobretudo mantendo a benéfica separação entre Igreja e Estado. No entanto as coisas tem mudado ultimamente, sendo que na relação entre Igreja e Estado já vem, há alguns anos, existindo uma aproximação gradual que agora  se intensifica naquela nação. 

    Ellen White assim escreveu sobre o futuro comportamento da referida nação no contexto dos eventos finais da história:

"Os Estados Unidos serão o principal palco onde se desenrolarão os eventos finais. Quando as igrejas protestantes se unirem ao poder civil para impor a observância do domingo, estarão seguindo os passos de Roma." (O Grande Conflito, p. 615).

"Quando as principais igrejas dos Estados Unidos, unindo-se em pontos de doutrinas que lhes são comuns, influenciarem o Estado para que imponha os seus decretos e sustente as suas instituições, então a América protestante terá formado uma imagem da hierarquia romana." (O Grande Conflito, p. 445)

"Quando os Estados Unidos, o país da liberdade religiosa, se unirem ao papado para oprimir a consciência e forçar a submissão ao poder da besta, então a crise final estará próxima." (O Grande Conflito, p. 579).

    Por muito tempo estas declarações pareciam não fazer sentido, mas agora com a ascensão  da extrema direita ao poder naquele país, parece algo plenamente possível. Vivemos dias notáveis no cenário profético apocalíptico. As últimas declarações do presidente eleito Donald Trump são contundentes, para não dizer assustadoras. Este, pelas suas declarações, parece querer transformar os EUA numa espécie de ditadura expansionista nos moldes de Rússia ou Irã. Ao manifestar a intensão de anexar territórios hoje pertencentes a outras nações no intuito de priorizar a hegemonia global dos EUA, o presidente americano demonstra que seu projeto de poder pretende ir muito longe na tentativa de influenciar outras nações e alterar os rumos da história.   Algo praticante impensável  em outras épocas. 





quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Qual o sentido da vitória de Trump no contexto profético escatológico?

 


    A recente vitória eleitoral de Donald Trump para a presidência dos EUA surpreendeu os analistas políticos e até mesmo os institutos de pesquisa. Sua vitória foi surpreendente pela larga vantagem em relação a sua concorrente Kamala Harris, apesar de tantos processos e acusações que o cercavam durante a campanha. Seria o fenômeno Trump uma simples reação da sociedade americana em função de problemas sociais e econômicos que aquela nação enfrenta? 

    Pelo que pesquisei vai muito além de uma reação aos problemas momentâneos. Existe uma construção ideológica que está em progresso já há alguns anos. Esta congrega, entre outras ideologias, a teologia do domínio. A teologia do domínio (ou "Dominion Theology") é uma corrente teológica presente em alguns círculos cristãos conservadores, especialmente entre certos grupos evangélicos, que defendem a ideia de que os cristãos têm a responsabilidade de “dominar” ou exercer autoridade sobre a sociedade e as instituições. A principal passagem bíblica usada é Gênesis 1:29, onde fala sobre "subjugar a terra" e "ter domínio" sobre toda a criação.

Essa teologia se desenvolveu em várias vertentes, sendo algumas delas:

  1. Reconstrucionismo Cristão: Uma das expressões mais radicais da teologia do domínio, defendida por pensadores como R.J. Rushdoony e Gary North. Eles propõem que a sociedade deve ser organizada com base nas leis do Antigo Testamento, promovendo mudanças nas leis civis, econômicas e educacionais de acordo com princípios bíblicos. Em sua forma extrema, o reconstrucionismo busca substituir o sistema legal secular por um sistema baseado na lei bíblica.

  2. Sete Montanhas de Influência: Um movimento mais recente que promove a ideia de que os cristãos devem influenciar as “sete montanhas” da sociedade: governo, educação, economia, mídia, religião, família e entretenimento. Esse movimento tem ganhado espaço entre algumas lideranças evangélicas americanas e defende a ocupação desses setores para "preparar o caminho" para o Reino de Deus.

  3. Nacionalismo Cristão: Relacionado à teologia do domínio, o nacionalismo cristão defende uma visão em que os valores e a identidade cristã devem ser protegidos e promovidos no âmbito nacional, o que implica, para alguns, uma união entre identidade nacional e religiosa.  

    Embora esta teologia ainda não tenha ganhado adesão de forma ampla entre as denominações cristãs nos Estados Unidos, em virtude daqueles que temem o fim da separação entre Igreja e Estado, ela vem ganhando espaço na liderança evangélica conservadora daquela nação. E aí surge um indicativo do que poderá acontecer no futuro com relação ao governo e a política.

    Pode ser considerado por alguns que a  aproximação do governo com setores religiosos seja algo positivo. Trump prometeu abrir um escritório de fé junto à Casa branca para atender aos  pastores e outros líderes religiosos. Mas lembremos do que foi no passado a união da Igreja com o Estado, com certeza esta ligação trará, em algum grau, riscos ao pluralismo, podendo transformar o governo em um agente de uma determinada doutrina religiosa. As lições do passado indicam que pode resultar em políticas públicas que refletem dogmas religiosos específicos, em vez de serem baseadas em princípios universais de justiça e igualdade.

    Ellen White, ainda no século XIX, previu uma amalgamação entre igreja e estado na América do Norte.

"Quando as igrejas protestantes buscarem o apoio do braço secular, então haverá uma formação de imagem à besta; e assim as igrejas protestantes deverão sofrer a indignação e a punição de Deus” (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 366).

    Diferentes analistas tem considerado esta eleição americana como um ponto de inflexão no desenvolvimento político dos EUA  que terão consequências e mudanças muito significativas para as demais nações do mundo. Podemos, com certeza, afirmar que estas mudanças tem relação com o cumprimento profético do Apocalipse.    













quinta-feira, 5 de setembro de 2024

O que Ellen G. White escreveu sobre os sinais dos tempos!

 

Ellen G. White, uma das fundadoras da Igreja Adventista do Sétimo Dia, escreveu extensivamente sobre muitos aspectos proféticos, incluindo sinais dos tempos que antecederiam a volta de Jesus Cristo. Em algumas de suas obras, ela mencionou sinais de fogo e fumaça como eventos que podem estar relacionados aos sinais do fim dos tempos.

Aqui estão algumas citações e trechos relacionados:

1. Incêndios como Sinais do Fim

Ellen White mencionou eventos como incêndios e grandes tragédias como parte dos sinais dos tempos. Um exemplo importante é o incêndio de Chicago, que ela mencionou em suas obras:

"Deus tem um propósito ao permitir que essas calamidades visitem nossas cidades. Esses juízos são um de Seus meios para despertar homens e mulheres à percepção do perigo que correm. O fogo e as inundações estão destruindo propriedades e vidas humanas."
(Testemunhos para a Igreja, vol. 7, p. 82)

Nesse trecho, Ellen White vê grandes desastres, como incêndios, como advertências para as pessoas refletirem sobre suas vidas e seu relacionamento com Deus.

2. Fogo e Fumaça como Sinais do Juízo

Ela também escreveu sobre o uso de símbolos de fogo e fumaça em um contexto mais profético, associando-os ao julgamento de Deus sobre a Terra:

"O Senhor vai mostrar que Ele é Deus, e que Seu julgamento está por vir. Sinais serão dados nas estrelas, no sol, e na lua, e ‘fogo e colunas de fumaça’ aparecerão como prenúncios do grande e terrível dia do Senhor."
(Manuscript Releases, vol. 14, p. 91)

Aqui, ela está citando a profecia de Joel 2:30-31, que fala de sangue, fogo e colunas de fumaça como sinais que precederiam o grande dia do Senhor.

3. Desastres Urbanos e a Causa de Reformas

Ellen White muitas vezes ligou esses eventos ao chamado de Deus para o arrependimento e reforma, alertando que o tempo para isso estava se esgotando:

"Sinais de fogo e fumaça, terremotos, calamidades, e grandes destruições de vidas e propriedades são advertências de Deus para que as pessoas abandonem o mal e busquem a justiça."
(Manuscript Releases, vol. 21, p. 66)

Aqui, ela relaciona esses eventos catastróficos à necessidade de uma reforma moral e espiritual.

4. A Queda de Cidades e o Juízo Final

Ellen White advertiu sobre a destruição de grandes cidades no contexto do juízo final:

"Na Palavra de Deus são dadas advertências das terríveis cenas que estão por vir. Devemos estar cientes das calamidades que rapidamente se aproximam, quando vastas cidades serão destruídas e destruídas repentinamente por bolas de fogo, e nuvens de fumaça subirão para o céu."
(Eventos Finais, p. 112)

Nesse trecho, a destruição por fogo é um símbolo do juízo divino, e ela descreve isso como algo que acontecerá rapidamente e de maneira devastadora.

Contexto Profético

Ellen White acreditava que esses eventos serviriam para despertar a humanidade para a realidade do tempo do fim e a necessidade de buscar uma relação mais próxima com Deus.

Essas citações mostram que Ellen White interpretava eventos de destruição por fogo e sinais de fumaça como advertências e manifestações dos juízos divinos, frequentemente associando-os à proximidade da segunda vinda de Cristo.



sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Israel é o termômetro do mundo?

 

     Considerações bíblicas relevantes sobre o papel de Israel na interpretação profética relacionada aos tempos finais.



 

A atualidade é marcada por conflitos, e o recente embate entre Israel e o Hamas suscita interpretações variadas no meio cristão, especialmente entre os dispensacionalistas, que veem em Israel um termômetro global.

Em sua forma de interpretar as profecias bíblicas utilizando-se do método futurista, acreditam que tudo que acontece em Israel como nação se espalhará pelo mundo[2]. Esses pensamentos possuem uma sólida base bíblica? O que a Palavra de Deus tem a dizer sobre o papel de Israel no tempo do fim e sobre quem é o Israel de Deus?

A perspectiva dispensacionalista

O dispensacionalismo[3] surgiu no século XIX a partir das ideias de John Nelson Darby (1800-1882) e se popularizou grandemente no meio cristão evangélico por meio da Bíblia de Referências Scofield[4]. Para os dispensacionalistas, Deus tem diferentes planos e propósitos para Israel e para a Igreja, e esses planos são progressivamente revelados ao longo das eras. Os dois permanecerão separados para sempre[5]. O arrebatamento marca o fim da dispensação da graça, que se destina à igreja e dá continuidade à realização das promessas relacionadas à dispensação da lei, reservada para Israel durante o reino milenar[6].

Essa visão escatológica se baseia principalmente na profecia das setenta semanas de Daniel 9. Para os dispensacionalistas, sessenta e nove semanas proféticas já se cumpriram no passado com a vinda do Messias, mas a última semana de sete anos se cumprirá no futuro com o Israel literal[7]. A igreja será arrebatada secretamente e em seguida se iniciarão os sete anos de grande tribulação e perseguição sobre Israel, quando o templo de Israel será destruído pelo anticristo. Porém, quando se completarem os sete anos de tribulação, Jesus voltará visivelmente e estabelecerá o reino milenar tendo Israel como centro e cumprindo a Israel todas as promessas feitas a eles no Antigo Testamento[8]. É por conta desta forma de enxergar as profecias que uma boa parte dos protestantes ficam alvoroçados quando veem qualquer coisa acontecendo em Israel como nação.

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quarta-feira, 10 de junho de 2020

Babilônia e o Remanescente Fiel

O Apocalipse  descreve Babilônia como a grande cidade que dá a beber a muitos o vinho de sua devassidão (Apoc. 18.3). Babilônia é citada no Novo Testamento como sendo Roma (I Pedro 5.13). Também é descrita pelo Apocalipse como assentada sobre sete montes (Apoc.17.9). É a cidade que reinava sobre os reis da Terra no tempo de João (Apoc.17.18).

Roma no aspecto religioso se revela como um arcabouço crescente de religiões pagãs, conforme outras civilizações eram conquistadas e seus deuses colocados no Panteão romano. Este espírito sincretista foi assimilado posteriormente pela igreja cristã  congregando várias doutrinas, crenças e tradições de diferentes fontes.
Podemos entender a igreja na Idade Média como fruto da amalgamação entre o cristianismo e o paganismo  e  outras fontes obscuras ou avessas à Bíblia. Portanto Roma sob o espírito de Babilônia é absorvida pela igreja cristã. O espírito sincretista de Babilônia faz com que hoje haja uma assimilação macroecumênica de diferentes  segmentos religiosos. Entre os quais podemos citar:

- Espiritismo moderno, Umbanda, Candomblé;
- Paganismo e orientalismo (Budismo, Xintoísmo, Induísmo, e outras religiões orientais);
- Parapsicologia, Ufologia;
- Medicina holística, terapias exotéricas;
- Pentecostalismo, Carismatismo, (enfoque no falso dom de línguas);

O espiritualismo é o pano de fundo que agrega todas estas correntes citadas acima. Foi no jardim do Éden que Satanás primeiramente atuou se disfarçando  através da mediunidade. De lá para cá tem usado outros estratagemas, como a crença na imortalidade da alma, para atrair e enredar as pessoas para si. Esta crença está na raiz do espiritismo e presente nas demais religiões não bíblicas. É um dos mais bem sucedidos estratagemas do enganador. Mas há também a operação de prodígios e sinais enganadores (II Cor. 11.14).

Este último artifício citado é uma das formas mais sutis de atuação, pois é geralmente revestido de um viés bíblico, tentando se passar pelo Espirito Santo de Deus. Este é o mais bem sucedido artifício enganador  da atualidade. Milhares pensam estarem sendo agraciados com o poder do alto, com a chuva serôdia do Espírito de Deus, quando estão sendo, na realidade, iludibriados pelo poder apóstata.

No contexto de Babilônia, os segmentos religiosos mencionados anteriormente compõe o grande escopo de enganos, citados no Apocalipse como sendo o vinho de Babilônia (Apoc. 17.2,4).   Este vinho é servido a todos que não terão o nome escrito no livro da vida (Apoc. 17.8). No tempo do fim há uma polarização entre os seguidores da Besta e do Cordeiro, entre os que receberão a marca ou o sinal da Besta e os que receberão o selo de Deus (Apoc, 13.16; Apoc. 9.4).  

O grupo que  receberá o selo de Deus se identificou com a verdade, ouvindo e atendendo o apelo do anjo que conclama a sair de Babilônia (Apoc. 18.1-4). No último tempo antes de segunda vinda do Senhor Jesus é ouvida a mensagem angélica: "Sai dela (Babilônia) povo meu!"  Uma mensagem crucial, veemente, imprescindível.

O anjo, no contexto dos capítulos 14 e 18, representa um mensageiro, que pode ser um grupo de cristãos ou movimento religioso incumbido de uma obra específica no plano divino. Este grupo também é descrito como um resto da semente da mulher (igreja) que se manteve fiel aos mandamentos de Deus e ao testemunho de Jesus (Apoc. 12,17).

 Este grupo remanescente  é descrito no final do capítulo 12, capítulo que descreve simbolicamente a história da igreja cristã. Assim  no último desdobramento da Reforma Protestante, surge um grupo guiado pelo Espírito Santo, pois Ele é quem guia toda verdade (João 16.13),  completando a obra de retorno às verdades bíblicas. O movimento de retorno à Bíblia não ocorreu de forma rápida, mas delongou alguns séculos. A grande maioria dos movimentos e grupos que surgiram na época da Reforma se limitaram a visão de seus líderes, não prosseguindo com o processo de volta à Bíblia. Só um pequeno grupo, descendente do movimento Adventista, chega na primeira metade do século XIX com  uma visão mais ampla da Palavra de Deus, restabelecendo as doutrinas originais do Cristianismo.

A missão do remanescente fiel no último tempo é tão difícil e dura quanto a missão dos profetas Sabemos que boa parte dos profetas de Deus foram perseguidos e hostilizados, pois sua mensagem é de reprovação e censura aos pecados e erros praticados. Malaquias descreve que antes do grande e terrível dia do Senhor virá Elias para advertir e exortar o mundo (Mal. 4,5) . Este papel, segundo Jesus, foi desempenhado na sua primeira vinda por João Batista (Mat.17.12), Na sua segunda vinda será pelo remanescente fiel apontado no Apocalipse. 

Para fazer parte do remanescente fiel no tempo do fim é necessário além de aceitar as verdades bíblicas, também entender e aceitar a forma como Deus tem guiado e conduzido o seu povo. Que Ele não age pelo ímpeto e propósito da contradição, da dissensão ou do mero sectarismo, mas quer conduzir seu povo à unidade da fé e da comunhão em amor (João 17.21). Portanto agora,  num tempo de multiplicidade de denominações, igrejas ou grupos de cristãos, a profecia do Apocalipse apresenta apenas dois grupos que se unirão em torno da verdade ou do erro, um seguindo a Besta e outro o Cordeiro. 

O rompimento com Babilônia tem que ser completo e pleno. A mensagem conclama a sair dela para  não ser alvo da ira divina e não receber as pragas que cairão sobre a Terra (Apoc.18.4). O fiel tem que estar distanciado completamente do vinho (doutrinas e crenças) de Babilônia. Não há espaço para negociação ou jogo de interesses, pois Babilônia se tornou morada de demônios e coito de todo espírito imundo e toda ave imunda (Apoc. 18.2). 
Babilônia se tornou a estrutura criada pelo maligno mais poderosa para produzir o engano no decorrer de todos os tempos. A saída dela decorre de uma decisão pessoal com base na sinceridade, amor à verdade e discernimento espiritual. Uma decisão que resultará em consequências eternas!


Aguinaldo C da Silva