O Santuário Celestial e o Ministério de Cristo
O Novo Testamento afirma com clareza que Cristo é o nosso único sumo sacerdote (Hebreus 8:1-3), que ministra em um santuário não feito por mãos humanas, mas no próprio céu. Esse ministério é essencial para a salvação, pois Cristo intercede por nós diante do Pai (Hebreus 7:25), e somente por meio Dele há perdão (I João 1:9; I Timóteo 2:5). Ele é o único mediador entre Deus e os homens, uma posição que nenhum ser humano pode ocupar legitimamente. Não obstante esta obra que está no âmago do plano da redenção seria atacada pelo inimigo de Deus, estabelecendo instituições e doutrinas que afastassem os crentes do verdadeiro sistema de intercessão estabelecido por Deus.
A Usurpação do Ministério de Cristo
Esse ministério celestial de Jesus foi obscurecido e atacado durante a Idade Média, especialmente pelo sistema eclesiástico romano, o qual instituiu práticas e doutrinas que colocaram seres humanos — particularmente os sacerdotes, santos e o próprio papa — como mediadores entre Deus e os homens. Esse sistema é visto como o cumprimento da profecia de Paulo em 2 Tessalonicenses 2:3-9, onde ele descreve a ascensão do “homem da iniquidade” que se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus, sentando-se no templo de Deus como se fosse o próprio Deus.
Eventos e Decretos que Contribuíram para a Opressão do Santuário Celestial
Ao longo da história da Igreja, diversos concílios e decretos contribuíram para essa mudança de foco do ministério celestial de Cristo para um sistema humano e terrestre de mediação. Alguns dos principais marcos incluem:
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Concílio de Cartago (397 d.C.)
Reconheceu oficialmente a inclusão dos livros deuterocanônicos, fortalecendo a tradição sobre a Escritura, o que permitiu práticas como orações pelos mortos e veneração dos santos. -
Doutrina do Purgatório e Intercessão dos Santos (século V em diante)
Desenvolvida por teólogos como Agostinho, essa doutrina abriu caminho para que os vivos intercedessem pelos mortos e vice-versa, substituindo a intercessão de Cristo. -
Declaração do Papa como "Vigário de Cristo" (Concílio de Latrão, 1123)
Reforçou a ideia do papa como representante de Cristo na Terra, função que se aproximava perigosamente daquilo que pertence exclusivamente a Jesus. -
Instituição da Confissão Auricular Obrigatória (Concílio de Latrão IV, 1215)
Tornou obrigatória a confissão dos pecados a um sacerdote, substituindo o livre acesso do crente a Cristo (Hebreus 4:14-16). -
Doutrina da Transubstanciação e Missa como Sacrifício (Concílio de Trento, 1545-1563)
A missa passou a ser entendida como uma repetição do sacrifício de Cristo, negando o caráter único e suficiente do sacrifício na cruz (Hebreus 9:26-28). -
Canonização dos Santos e Culto às Relíquias
Essas práticas desviaram ainda mais o foco da fé cristã do santuário celestial e de Cristo para mediações terrenas.
A Reforma Protestante e o Resgate da Verdade do Santuário
A Reforma Protestante do século XVI foi uma resposta direta a esse sistema. Reformadores como Martinho Lutero e João Calvino denunciaram o papado como a manifestação do “anticristo” ou “homem da iniquidade” descrito por Paulo, e reafirmaram a verdade central do evangelho: solus Christus — só Cristo é suficiente. Essa obra de restauração da compreensão e do entendimento do acesso direto a Deus por meio de Jesus, só seria completada a partir do século XIX, com a compreensão do "juízo investigativo" e da tríplice mensagem angélica de Apocalipse 14.
Conclusão
A tentativa de usurpação ao Santuário Celestial e a obra no Senhor Jesus Cristo configura um dos mais tremendos e maléficos ataques de Satanás na história do grande conflito. A intercessão de Cristo no santuário celestial é o centro do plano da salvação, e qualquer sistema que a substitua, ofusque ou desvie os fiéis desse ministério está cumprindo profeticamente o papel do “chifre pequeno” — um poder que lança a verdade por terra e ataca o próprio santuário de Deus. Contudo, as profecias também apontam para a restauração final dessa verdade nos tempos do fim (Daniel 8:14), um tema fundamental para a missão e mensagem do povo de Deus neste último tempo antes da volta de Jesus Cristo.
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