terça-feira, 7 de outubro de 2025

O massacre silencioso de cristãos na Nigéria e a indiferença da mídia internacional

 


Enquanto os olhos do mundo se voltam para os conflitos em Gaza e na Ucrânia, um verdadeiro massacre silencioso acontece na Nigéria — e quase ninguém fala sobre isso. Em pleno século XXI, o país mais populoso da África vive uma onda de violência que tem dizimado comunidades inteiras de cristãos, muitas vezes com o total descaso das autoridades e a indiferença da mídia internacional.

Um genocídio pouco noticiado

De acordo com relatórios de organizações locais e internacionais de direitos humanos, mais de 7.000 cristãos foram assassinados na Nigéria apenas entre janeiro e agosto de 2025, além de cerca de 7.800 pessoas sequestradas nesse mesmo período. Isso representa uma média de mais de 30 cristãos mortos por dia — números que rivalizam com os de zonas de guerra oficialmente reconhecidas.
Entre 2009 e 2025, estima-se que cerca de 185.000 civis tenham sido mortos em incidentes com motivações religiosas ou étnico-religiosas. Desses, aproximadamente 125.000 eram cristãos, e outros 60.000 muçulmanos moderados que também foram vítimas do extremismo.

A tragédia não se resume às mortes. Mais de 19.000 igrejas foram destruídas, centenas de vilas cristãs desapareceram, e milhares de fiéis se encontram deslocados, vivendo em campos de refugiados dentro do próprio país.

As causas: radicalismo, negligência e impunidade

As origens desse horror são múltiplas, mas se cruzam em três eixos principais:

  1. Extremismo religioso – Grupos terroristas como o Boko Haram e o Estado Islâmico na África Ocidental (ISWAP) continuam promovendo ataques sistemáticos contra comunidades cristãs, com o objetivo declarado de “limpar” regiões do norte e centro da Nigéria da presença cristã.

  2. Conflitos entre pastores e agricultores – Disputas antigas por terras e recursos naturais foram intensificadas pelas mudanças climáticas e o avanço do deserto, tornando-se terreno fértil para o ódio étnico e religioso. Milícias de pastores Fulani, muitas vezes armadas e radicalizadas, têm atacado vilas cristãs com brutalidade crescente.

  3. Negligência estatal – O governo nigeriano tem sido amplamente criticado por sua falta de resposta eficaz. Em muitos casos, as forças de segurança não chegam a tempo — ou simplesmente não intervêm. Poucos agressores são presos, e as investigações raramente resultam em justiça.

Essa combinação explosiva de fanatismo e impunidade cria um ambiente onde matar cristãos se torna um crime sem consequência.

O silêncio ensurdecedor da mídia global

Talvez o aspecto mais chocante de toda essa tragédia seja o silêncio da mídia internacional. Enquanto guerras em regiões geopolíticas estratégicas recebem cobertura constante, o sofrimento de milhares de nigerianos passa despercebido. Quando noticiado, é frequentemente descrito como “conflito étnico” ou “disputa por terras”, evitando mencionar o caráter religioso da perseguição.

Essa diferença de tratamento revela um viés profundo: a vida de cristãos africanos parece ter menos valor jornalístico que a de civis em regiões de maior interesse político ou econômico. O resultado é um genocídio silencioso — invisível para grande parte do público global.

A responsabilidade do mundo

Ignorar essa crise é permitir que ela continue. O mundo precisa cobrar do governo nigeriano uma postura firme contra o extremismo e exigir que organismos internacionais atuem na proteção das minorias religiosas.
É preciso também que a imprensa internacional rompa o silêncio e reconheça que há, hoje, na Nigéria, uma das piores crises humanitárias e religiosas do planeta.

Conclusão

O que acontece na Nigéria não é apenas um conflito local — é uma catástrofe humana e moral. A cada semana, novas famílias cristãs são assassinadas, igrejas destruídas e comunidades inteiras apagadas do mapa. Tudo isso sob o olhar indiferente de um mundo distraído.

Dar visibilidade a essa realidade é o primeiro passo para quebrar o ciclo de silêncio, impunidade e esquecimento. O sangue derramado na Nigéria clama por justiça — e por voz.


Referências:

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