Em Atos 3:6, Pedro, diante de um homem coxo que pedia esmolas à porta do templo, proferiu palavras que ecoam até hoje como testemunho de um coração cheio do Espírito Santo: "Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!". Essa declaração revela mais do que uma ausência de bens materiais — revela o que Pedro verdadeiramente possuía: o poder de Deus, a unção do Espírito Santo, o maior capital que um homem pode ter.
Pedro, outrora impulsivo, vacilante e temeroso, tornou-se, após Pentecostes, um canal de cura, vida, e transformação. Isso só foi possível porque ele obedeceu à ordem de Jesus: "Ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder" (Lucas 24:49). Essa espera não foi passiva. Foi uma busca ativa, marcada por oração, confissão, arrependimento e unidade. Foi ali que o Espírito veio — não como mera experiência emocional, mas como dynamis, poder para testemunhar, curar, perdoar, e transformar o mundo ao redor.
A Bíblia não sugere, mas ordena: "Enchei-vos do Espírito" (Efésios 5:18). Não é opcional para quem deseja viver como discípulo e apóstolo — um enviado. Ser cheio do Espírito é condição essencial para levar o evangelho não apenas com palavras, mas com vida. Com gestos, com atitudes. Com compaixão, fé, esperança, humildade e verdade. O verdadeiro evangelho é pregado quando o caráter de Cristo é visível nos atos cotidianos.
Pedro e os demais discípulos, ao receberem o Espírito, também receberam a cura de suas próprias falhas. Medo, disputas por posição, ressentimentos — tudo foi posto de lado em favor de uma unidade viva, que até hoje serve de referência para a Igreja. Esse Espírito criou um povo de corações ardentes, mãos abertas e pés dispostos a ir. A Igreja não nasceu forte por causa de estratégias ou estruturas, mas por estar cheia de Deus.
Nos dias de hoje, essa plenitude parece escassa. As igrejas crescem em número, mas muitas vezes carecem do poder que transforma. Precisamos com urgência da chuva serôdia, prometida em Joel 2:23 — o derramar final do Espírito sobre os que estiverem preparados. A chuva serôdia é comparada àquela que amadurece a colheita, que prepara os frutos para serem recolhidos. Ela traz renovação, coragem, discernimento e um amor ardente pelas almas. Ela é dada para a última grande obra de evangelização antes do retorno de Cristo.
Mas essa chuva não cairá sobre todos indiscriminadamente. O Espírito não é derramado sobre os que vivem para si mesmos, preocupados com status, reconhecimento, prazeres e conforto. Ele é dado àqueles que têm coração sincero, espírito reto, que vivem em harmonia com a Palavra. Gente que não busca posição, mas presença. Que não quer aplausos, mas a aprovação de Deus.
Pedro não tinha prata nem ouro. Mas tinha algo muito maior. Ele tinha o Espírito. E com isso, tinha tudo. Esse é o maior capital de um cristão. E está disponível a todo aquele que, como os discípulos, espera, busca, se consagra e se entrega.
"O que tenho, isso te dou..." — que essa também seja a nossa oração e a nossa oferta ao mundo.
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