domingo, 5 de outubro de 2025

Saúde psicológica - qual é a sua perspectiva de vida?

 


A vida humana é, em grande parte, moldada pela forma como cada pessoa organiza suas dinâmicas interiores — os modos pelos quais define seus alvos, constrói seu sentido de bem-estar e busca realização. Essas dinâmicas podem ser vistas como “forças de orientação” que conduzem o indivíduo em direção ao que considera ser a sua plenitude. Entretanto, nem todas conduzem à paz interior; algumas, ao contrário, aprisionam em ciclos de insatisfação e fuga.

Há pessoas cuja dinâmica é a da busca constante. Vivem em movimento, impulsionadas pela sensação de que algo ainda falta: um novo objetivo, uma nova conquista, uma nova experiência capaz de preencher o vazio que persiste. Essa busca, embora mova a vida, pode tornar-se uma armadilha quando o horizonte de plenitude é sempre deslocado para além do presente. O “ainda não” torna-se um tormento, e a felicidade, um ponto inatingível.

Outros vivem presos ao passado. Suas decisões, emoções e até esperanças são filtradas pelas lentes de experiências que já não existem — feridas, culpas, idealizações ou nostalgias. Essa fixação impede o florescimento do presente e o acolhimento do novo. É como tentar caminhar olhando apenas para trás: inevitavelmente, tropeça-se no que está adiante.

Há também os que projetam-se demasiadamente no futuro. Vivem de expectativas, de planos que nunca se concretizam, e sofrem por antecipação. A mente está sempre um passo à frente do tempo real, e o presente se esvai sem que a alma o habite.

Por fim, há os que optam pela fuga — evitam responsabilidades, compromissos e realidades que a vida naturalmente impõe. Criam bolhas de negação, muitas vezes travestidas de liberdade, mas que escondem medo, imaturidade ou exaustão emocional.

Diante de tais dinâmicas, a postura mais saudável parece ser aquela que reconhece o valor do presente como espaço de equilíbrio entre memória, esperança e responsabilidade. O passado não deve aprisionar, mas instruir; o futuro não deve gerar ansiedade, mas inspirar; e o presente precisa ser vivido com atenção e propósito. É nele que o ser humano pode experimentar plenitude real — não como algo a ser alcançado, mas como algo que se revela quando a mente e o coração estão em harmonia com o agora.

Nesse contexto, a fé em Deus ocupa um lugar singular. Ela não se confunde com a busca desenfreada, nem se prende a um passado idealizado ou a um futuro ilusório. A fé autêntica é enraizada no presente, pois é no “hoje” que o homem encontra a presença divina. Quando a fé se torna um eixo de vida, ela reorganiza as crenças e emoções: o passado é perdoado, o futuro é entregue, e o presente é vivido com confiança. Assim, a fé age como um lenitivo para a alma, não por prometer fuga da realidade, mas por conferir-lhe sentido. Jesus afirmou: “Não andeis ansiosos pelo dia de amanhã, pois o amanhã cuidará de si mesmo” (Mateus 6:34). A fé verdadeira reorganiza as crenças e emoções: o passado é perdoado, o futuro é entregue, e o presente é vivido com confiança.

A verdadeira plenitude, portanto, não está em conquistar tudo, mas em descansar na confiança de que tudo está nas mãos de Deus. A fé não elimina a busca, mas a orienta; não apaga o passado, mas o redime; não nega o futuro, mas o coloca sob a esperança. Quando a vida é organizada a partir dessa perspectiva, a dinâmica interior deixa de ser uma corrida e passa a ser uma jornada — serena, consciente e fecunda.


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