A autenticidade não é um tema periférico da fé cristã. A essência do cristianismo vai muito além das aparências, mas em uma relação verdadeira com Deus. Jesus deixou isso claro ao dialogar com a mulher samaritana: “Importa que os verdadeiros adoradores adorem o Pai em espírito e em verdade” (João 4:23). A adoração verdadeira não é uma performance externa, mas uma expressão sincera de um coração entregue.
Desde o início, as Escrituras nos mostram que Deus vê além das aparências. Quando Adão e Eva tentaram cobrir a vergonha com folhas de figueira, aquilo não mudou a realidade do coração nem a verdade diante de Deus (Gên. 3). Deus os viu em sua essência e providenciou vestes adequadas, simbolizando que só Ele pode cobrir nossa culpa. Esse episódio mostra que Deus não se deixa enganar por aparências — Ele sonda o íntimo do coração.
O profeta denuncia religiões vazias quando diz que o povo honra a Deus com os lábios enquanto o coração está longe (Isaías 29). Jesus advertiu sobre esse perigo quando disse: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mateus 7:22-23). Obras religiosas, sem um coração regenerado, não têm valor diante de Deus.
No mundo contemporâneo essa pergunta sobre autenticidade é urgente. Vemos líderes que usam o ambiente eclesial para promoção política, busca de poder e acúmulo de riquezas — práticas que corroem a confiança e desviam o evangelho da sua simplicidade redentora. Cada cristão é chamado a confrontar, individualmente, sua própria autenticidade espiritual.. Fingir santidade pode até dar frutos humanos imediatos, mas falhará diante do Senhor, que conhece motivações e intenções do coração.
Portanto, a autêntica vida cristã exige exame sério e contínuo: arrependimento onde houver duplicidade; transparência nas motivações; compromisso com a justiça, a humildade e o amor sacrificial; e prática constante da oração e da Palavra para que a fé se enraíze na carne e no espírito. À luz da expectativa da volta de Cristo e da percepção de que o tempo de graça é precioso, a convocação é clara — viver o evangelho sem máscaras, hoje. O chamado do Evangelho é para um cristianismo real, onde Cristo é entronizado no coração, transformando intenções e ações.
Portanto, ser cristão vai muito além de frequentar igrejas, cumprir ritos ou usar o nome de Jesus em atividades religiosas. Trata-se de entregar-se completamente a Ele, permitindo que Seu Espírito molde nosso caráter. A autenticidade é a marca dos verdadeiros discípulos, e somente esses estarão prontos para encontrar o Senhor em glória.





