quarta-feira, 7 de agosto de 2024

A Bíblia e o destino da Direita e da Esquerda

 


  O capítulo  11 do livro de Daniel apresenta a última polarização da história. Nesta as figuras do rei do norte e  do rei do sul são os dois polos do conflito que termina com a prevalência do rei do norte seguida por sua destruição com a chegada do reino do Senhor Jesus Cristo. 

   No início da narrativa do capítulo 11 o rei do norte representa o rei que dominava territórios ao norte de Israel e o rei do sul o Egito. A partir de certo momento o sentido da narrativa passa a ser escatológico e a figura do rei do sul e do norte passam a representar outros poderes.

  O Dr. Vanderlei Dorneles expõe de forma clara quem são os poderes representados pelo rei do sul e rei do norte, num excelente artigo que  pode ser lido na íntegra <aqui> .  Abaixo coloco em destaque alguns trechos do referido texto, na sequência faço alguns comentários que julgo necessários. 

"Da perspectiva de Israel, o Norte era a posição de Babilônia e o Sul, a do Egito. Na Bíblia, frequentemente o Norte representa aquele que deseja estar em lugar de Deus. Lúcifer desejava subir ao “céu”, exaltar seu trono “nas extremidades do Norte” e ser “semelhante ao Altíssimo” (Is 14:13, 14). Babilônia é referida como o poder do “Norte” que derrama “o mal sobre todos os habitantes da terra” (Jr 1:13-16; 6:22, 23). O rei de Babilônia teve a arrogância de desafiar a Deus (Dn 3:15; 4:24, 25). Daniel afirma que o “chifre pequeno” provém do Norte (Dn 8:9). No Apocalipse, o poder que se levanta contra os fiéis de Deus no tempo do fim é retratado como “besta” ou “Babilônia” (Ap 13:1, 7; 14:8; 17:5; 18:2, 10, 21)."

  Toda a abordagem que Dorneles faz está dentro do método historicista de interpretação profética. Nesta  o “rei do Norte” é o mesmo “chifre pequeno”, que é o papado em sua investida contra os “santos”. Mas quem seria o “rei do Sul”?

Jacques Doukhan, em seu livro Secrets of Daniel, comentando Daniel 11, diz que o Sul simboliza, na tradição bíblica, “o poder humano sem Deus”. O Sul aponta para o Egito (Dn 11:43), especialmente para o orgulhoso faraó: “Quem é o Senhor para que lhe ouça eu a voz e deixe ir a Israel? Não conheço o Senhor” (Êx 5:2). Uma aliança de Israel com o Egito seria um deslocamento da fé, uma troca de Deus pela humanidade, ou seja, a fé na humanidade substituindo a fé em Deus. Isaías diz: “Ai dos que descem ao Egito em busca de socorro e se estribam em cavalos; que confiam em carros, … mas não atentam para o Santo de Israel, nem buscam ao Senhor! … Pois os egípcios são homens e não deuses” (Is 31:1-3). Assim, Daniel previu um conflito prolongado, no tempo do fim, entre o poder político-religioso e o poder ateísta e materialista. Ele visualizou a resistência do poder materialista, mas profetizou que este último terminaria sendo suplantado.

  Se o rei do norte é um poder político/religioso o rei do sul é um poder que nega a religião e a crença em Deus. Tivemos um poder assim no decorrer da história ?

"Outro aspecto das ideologias de esquerda é a negação da dimensão religiosa da sociedade. Por sua vez, a direita se adapta ao discurso religioso e o utiliza como parte de suas estratégias de poder. Essa tensão entre uma esquerda que nega Deus e uma direita que pretende usar o nome de Deus foi prevista por Daniel, profeta e também estadista. As visões relatadas nos capítulos 2, 7 e 8, de seu livro, têm o foco no “tempo do fim”, quando o poder perseguidor dos “santos” emerge mais uma vez, mas só para ser destruído com a chegada do reino de Deus. O profeta diz que o reino de Deus “esmiuçará e consumirá todos estes reinos” humanos (Dn 2:44), e que “o domínio, e a majestade dos reinos” serão dados aos “santos do Altíssimo” (7:27; ver 8:9-12)."

"Essa profecia de Daniel 11 é extremamente significativa diante da nova configuração geopolítica do mundo desde a queda do muro de Berlim. Os poderes políticos capitalistas, unidos ao poder religioso cristão desviado da verdade bíblica, conseguiram desorganizar o estado comunista e materialista europeu no fim da Guerra Fria. Nos anos 1990, o poder americano despontou como a única potência global, deixando em seu rastro as ideologias de esquerda em completa confusão. O Norte se sobrepôs ao Sul."

"No desfecho desse conflito que resultou na queda do comunismo no Leste europeu, os Estados Unidos tiveram um decisivo aliado: o papa João Paulo II, que conseguiu restaurar a influência religiosa do Vaticano no mundo. Isso é o que contam os jornalistas Carl Bernstein e Marco Politi, no livro Sua Santidade: João Paulo II e a História Oculta do Nosso Tempo (Objetiva, 1996)."

  Na visão do Dr. Dorneles, a esquerda e a direita do espectro político ideológico atual assumem a identidade das figuras proféticas do capítulo 11 de Daniel.  No citado artigo conclui terminando que nas décadas posteriores a derrocada do comunismo no Leste europeu houve a segunda etapa de desorganização das ideologias e dos regimes de esquerda, incluindo os da América do sul, apontando assim para o crescente poder do "rei do norte".

   Ao meu ver, estamos vivenciando o desdobramento da história em nossos dias. Acima de qualquer outro comentário o que é crucial é a proximidade do retorno de |Jesus a este mundo. Se estamos vivendo nos últimos fatos descritos na profecia, realmente estamos vivendo em dias solenes da história. 


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