sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Estudo alerta que qualquer quantidade de álcool aumenta risco de demência

 

O estudo concluiu que quanto mais álcool se consome, maior é o risco de demência.

O consumo de álcool aumenta o risco de demência, independentemente de as pessoas terem predisposição genética para a condição neurodegenerativa, sugere um novo estudo de grande escala.

Esta é a mais recente investigação a confirmar que até um consumo moderado de álcool pode representar riscos para a saúde.

Apesar de algumas notícias indicarem alegados benefícios de se beber em pequenas quantidades, a pesquisa tem demonstrado repetidamente que nenhuma quantidade de álcool é segura para a saúde.

“Para qualquer pessoa que escolha beber, o nosso estudo sugere que um maior consumo de álcool leva a um maior risco de demência”, afirmou, em comunicado, Stephen Burgess, investigador na Universidade de Cambridge.

O estudo, publicado na revista BMJ Evidence-Based Medicine, incluiu cerca de 560 mil pessoas no Reino Unido e nos Estados Unidos, acompanhadas ao longo de vários anos, bem como dados genéticos de cerca de 2,4 milhões de pessoas.

Na primeira parte do estudo, os investigadores perguntaram às pessoas quanto bebiam e depois determinaram a relação entre álcool e os riscos de demência. Analisaram também marcadores genéticos ligados ao consumo de álcool para considerar o seu efeito cumulativo ao longo da vida.

Quanto maiores os riscos genéticos associados ao álcool, maiores os riscos de demência, concluiu o estudo.

Se alguém beber três bebidas por semana, por exemplo, terá uma probabilidade 15% maior de desenvolver demência do que alguém que beba uma bebida por semana.

“A evidência genética não oferece suporte para um efeito protetor [do álcool] – na verdade, sugere o contrário,” disse Anya Topiwala, uma das autoras do estudo e investigadora clínica sénior na Universidade de Oxford.

O estudo, porém, não prova conclusivamente que o consumo de álcool causa demência, "apenas que os dois estão interligados", alertou Tara Spires-Jones, diretora do Centro para Ciências do Cérebro na Universidade de Edimburgo, que não fez parte do estudo.

No entanto, “trabalhos fundamentais em neurociência mostraram que o álcool é diretamente tóxico para os neurónios no cérebro,” acrescentou em comunicado.

Numa investigação, onde foram utilizados exames cerebrais, os investigadores descobriram que a ingestão de uma ou duas unidades de álcool por dia estava associada a reduções no volume do cérebro e a alterações na sua estrutura, o que pode levar à perda de memória e à demência.

Os autores do estudo mais recente afirmaram que as suas conclusões somam-se ao crescente conjunto de evidências que mostram que eliminar o álcool pode trazer benefícios significativos para a saúde.

“Reduzir o consumo de álcool na população pode desempenhar um papel significativo na prevenção da demência,” conclui Anya Topiwala, uma das autoras.

Fonte: Euronews

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Mais do que Casca!

 


O cristianismo verdadeiro não se mede apenas por palavras, aparências ou dogmas aceitos intelectualmente, mas pela transformação real do coração que se reflete em atitudes práticas. Jesus declarou: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7:16). Ou seja, a essência da fé não está na casca, mas no fruto produzido na vida diária.

A maturidade espiritual exige reflexão constante, sinceridade diante de Deus e humildade para reconhecer as próprias falhas. O apóstolo João escreveu: “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós” (1Jo 1:8). Reconhecer o erro e ter disposição para retificar atitudes é marca do verdadeiro discípulo de Cristo.

Infelizmente, muitas vezes se vê no meio religioso as pessoas professando seguir a Jesus, mas suas atitudes não contribuem para um ambiente de paz ou harmonia. Quando as faltas não são reconhecidas e os propósitos não são confrontados, pode-se viver uma dinâmica de autoengano distante da essência do cristianismo na vivência prática.

Hoje, não são poucos os que buscam a igreja sem a preocupação de mortificar o ego. O púlpito por vezes se transforma em palco de exibicionismo, e a comunidade passa a girar em torno de expectativas e vaidades pessoais. Relações tornam-se movidas por interesses recíprocos e não pela entrega despretensiosa do amor, que nada exige em troca. O apóstolo Paulo nos lembra: “O amor não busca os seus interesses” (1Co 13:5).

Tudo indica que a verdadeira conversão não se limita ao assentimento de verdades, dogmas ou doutrinas. Ela envolve uma confrontação diária entre o caráter do Mestre e nossas intenções, atitudes e escolhas. Ser cristão é viver como Cristo viveu — com mansidão, entrega e amor — permitindo que o Espírito Santo molde o coração para que a fé não seja apenas casca, mas vida autêntica e transformadora. E com isto outras pessoas não cristãs não precisem falar como Mahatma Gandhi: “Eu gosto do vosso Cristo, mas não gosto dos vossos cristãos; eles são tão diferentes do vosso Cristo.” 

24 de setembro de 787: quando se abriu a porta para a idolatria

 

No dia 24 de setembro de 787, há exatos 1.238 anos, aconteceu um dos eventos mais marcantes da história do cristianismo institucionalizado: o Segundo Concílio de Niceia, realizado na Igreja de Santa Sofia de Niceia, em Niceia (atual İznik, Turquia). Convocado pela imperatriz Irene, o concílio reuniu bispos para encerrar a primeira fase da chamada controvérsia iconoclasta no Império Bizantino.

Naquela época, havia grande debate sobre o uso e a veneração de imagens. Muitos cristãos, preocupados com a fidelidade à Bíblia, se opunham ao culto de ícones, lembrando a clara proibição do segundo mandamento: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra…” (Êxodo 20:4). Porém, o concílio decidiu restabelecer e legitimar a veneração das imagens, especialmente ícones de Cristo, da Virgem Maria e dos chamados “santos”.

Na prática, aquele ato abriu oficialmente a porta para a idolatria dentro da cristandade. O que era antes rejeitado por ser contrário à Palavra de Deus passou a ser promovido pela tradição eclesiástica. Com o tempo, o apego a imagens, relíquias e símbolos substituiu, em muitos corações, a simplicidade da fé em Cristo e a centralidade da Escritura.

Esse episódio nos lembra de que tradições humanas não podem se sobrepor à vontade de Deus. Sempre que a igreja se afasta da Bíblia para seguir convenções humanas, corre o risco de cair em enganos espirituais.

Hoje, como no passado, somos chamados a adorar o Senhor “em espírito e em verdade” (João 4:24), reconhecendo que só Ele é digno de culto. O desafio permanece: manter os olhos fixos em Jesus, e não em objetos feitos por mãos humanas.

O Segundo Concílio de Niceia (787) e suas repercussões

Tradição CristãVisão sobre o ConcílioPrática relacionada a imagens
CatólicosReconhecem o concílio como ecumênico e válido. Defendem a distinção entre adoração (latria – só a Deus) e veneração (dulia – dada aos santos e às imagens como símbolos).Uso abundante de imagens, estátuas e relíquias em igrejas. Imagens são vistas como “janelas para o transcendente”.
OrtodoxosTambém reconhecem o concílio como ecumênico. A teologia dos ícones é central na fé ortodoxa. O ícone é considerado uma manifestação visível da encarnação de Cristo.Ícones são essenciais no culto, sempre em estilo artístico próprio. São beijados, incensados e usados na oração. Celebram a Festa da Ortodoxia em memória da vitória sobre o iconoclasmo.
Protestantes (século 16 em diante)Rejeitam o concílio, considerando que ele abriu espaço para a idolatria. Reformadores como Lutero (mais moderado) e Calvino (mais radical) criticaram a veneração de imagens.Igrejas protestantes históricas retiraram imagens dos templos. A ênfase ficou na pregação da Palavra. Alguns ramos (como luteranos e anglicanos) mantêm cruzes ou vitrais, mas sem veneração. Igrejas reformadas e evangélicas geralmente rejeitam totalmente o uso de imagens.
Fonte: Outraleitura

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

O cristão deve emanar "boa energia"!

 


A vida do cristão é chamada para ser luz no mundo. Jesus declarou: “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte” (Mateus 5:14). A luz não apenas dissipa as trevas, mas também aquece e gera esperança. Assim também deve ser a presença do crente: onde chega, transmite vida, paz e alegria, e não peso, crítica ou desânimo.

O apóstolo Paulo nos exorta: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos” (Filipenses 4:4). A alegria do cristão não depende das circunstâncias, mas da certeza de que Cristo está presente. Quando essa alegria é cultivada, ela se torna contagiante, criando ao redor um ambiente de esperança.

O Espírito Santo é fonte dessa “boa energia”. O fruto do Espírito, conforme Gálatas 5:22-23, é “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança”. São características que não apenas moldam nosso caráter, mas também influenciam o clima ao nosso redor. Uma pessoa cheia do Espírito Santo naturalmente se torna portadora de boas palavras, de serenidade e de confiança em Deus, abençoando aqueles que a cercam.

Por outro lado, a Bíblia adverte contra o espírito murmurador e irascível. Os israelitas, mesmo libertos do Egito, muitas vezes “murmuraram em suas tendas” (Salmos 106:25), espalhando descontentamento e incredulidade. Esse espírito contaminava o povo, enfraquecendo a fé coletiva. Da mesma forma, hoje, quando cultivamos crítica destrutiva, mau humor e desconfiança, irradiamos trevas em vez de luz.

O chamado de Cristo, segundo  Paulo, envolve uma saudável positividade. “Seja a vossa palavra sempre agradável, temperada com sal” (Colossenses 4:6). Isso significa falar de forma que edifique, inspire e leve paz. Um cristão de “boa energia” não é alguém artificialmente alegre, mas alguém cuja confiança em Deus o torna um canal de graça.

Assim, cada crente deve se examinar: ao entrar em um ambiente, levo comigo a luz de Cristo ou as sombras da incredulidade? O apóstolo Paulo afirma: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo vos amou” (Efésios 5:1-2).

Portanto, ser uma pessoa de boa energia é viver tão cheio da presença de Cristo que nossa vida se torna um reflexo do Seu amor. Onde chegamos, podemos transformar a atmosfera, irradiando fé, esperança e alegria que vêm do Senhor.

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

O perigo da radicalização e extremismo na política !

 




Nos últimos tempos há um crescimento preocupante da polarização política — não apenas em discursos e divisões ideológicas, mas também num aumento real de violência motivada politicamente. A radicalização de grupos ou indivíduos com crenças extremas, combinada com discursos inflamatórios e desinformação online, contribui para um ambiente onde atos violentos deixam de ser exceção para se tornarem parte mais visível da paisagem política.

Segundo o The Guardian, no primeiro semestre de 2025, foram registrados mais de 520 incidentes violentos e planos terroristas nos EUA — quase 40% a mais do que no mesmo período de 2024. 

Recentemente, Charlie Kirk, ativista conservador de grande visibilidade nos EUA, foi morto a tiros durante um evento público da Turning Point USA na Utah Valley University. Crônicas iniciais apontam que foi uma assassinato político, com indícios de motivação ideológica do suspeito, que aparentemente vinha se radicalizando em comunidades online. 

Esse episódio é particularmente significativo,  porque Kirk mesmo sendo uma figura polarizadora, usava  o diálogo e  a argumentação sempre ouvindo com atenção e respeito o seu interlocutor. Atacar (e matar) uma pessoa assim em público reforça o limiar de que discursos extremos podem gerar consequências fatais. 

Atos violentos geram reações — protestos, ameaças, mais violência. Grupos radicalizados em diferentes espectros ideológicos podem interpretar um assassinato como um alerta ou uma permissão para agir também. Isso pode virar uma espiral em que cada lado se sente justificado em retaliar ou se preparar para futuras agressões.

A radicalização política, quando alimentada por discursos que desumanizam o “outro”, por conspirações, por polarização intensa — ideológica, racial, cultural — acaba abrindo caminho para violência. O assassinato de Charlie Kirk não é um caso isolado, mas parte de um padrão crescente. Se não houver mecanismos eficazes de desescalada — tanto institucionais quanto sociais —, o risco é de que essa violência se torne mais frequente, mais imprevisível, com danos profundos à democracia.

O posicionamento do cristão diante desse cenário

Diante de tanta polarização e violência, a Bíblia oferece uma direção clara para os seguidores de Cristo. Quando esteve neste mundo, Jesus não entrou em disputas políticas, nem promoveu revoluções por meio da violência — mesmo em meio à opressão do Império Romano. Pelo contrário, Ele ensinou:

“Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mateus 5:44).

O exemplo de Cristo mostra que o cristão é chamado a ser pacificador (Mateus 5:9), a falar com mansidão e sabedoria (Tiago 3:17), e a buscar a transformação social pelo amor e pelo serviço, não pela violência. O apóstolo Paulo reforça esse princípio:

“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Romanos 12:21).

Em um tempo em que a retórica inflamada domina as redes sociais e o ódio parece normalizado, o cristão é convidado a:

  • Promover o diálogo com empatia;

  • Rejeitar discursos de ódio e incitação;

  • Ser exemplo de justiça, verdade e misericórdia;

  • Orar pelos líderes e autoridades, conforme 1 Timóteo 2:1-2.

O testemunho cristão não consiste em alinhar-se a um partido ou ideologia, mas em viver e proclamar os valores do Reino de Deus — um reino que não se estabelece pela espada, mas pelo amor, pela verdade e pelo sacrifício. Essa postura pode parecer frágil diante do clima de ódio, mas é justamente ela que tem poder de desarmar corações e oferecer esperança.




sábado, 13 de setembro de 2025

Guerras e Conflitos se elevam no mundo!

     


    A situação global de conflitos realmente aponta para uma piora significativa. Há dados recentes que confirmam que 2024 foi o ano com mais conflitos desde o fim da Segunda Guerra Mundial (desde 1946)   — a UCDP / PRIO reportaram 61 conflitos envolvendo pelo menos um Estado  (ou seja, pelo menos um dos lados é um país) em 36 países. Destes, 11 atingiram a categoria de guerra, definida como conflito com pelo menos 1.000 mortes relacionadas a combates no ano. Houve também aumento nos conflitos interestatais (entre países), que estavam menos frequentes nas décadas recentes, mas voltaram a se intensificar. 

Situação global: Alguns conflitos atuais

  • Rússia × Ucrânia: o conflito se mantém ativo e com intensificação de ataques de longo alcance e contra-alvo crítico; também há risco de incidentes transfronteiriços que podem arrastar países da OTAN para respostas (já houve incursões/drone-incidentes que tocaram o espaço aéreo de países vizinhos). Análises militares e atualizações diárias mostram uma guerra prolongada e destrutiva. 

  • Incursões no espaço aéreo da Polônia: nas últimas semanas houve interceptações e derrubadas de drones/veículos aéreos que penetraram no espaço aéreo polonês, elevando temores de “efeitos de contágio” da guerra ucraniana para países da OTAN. Reportagens noticiosas recentes cobriram o alarme e medidas preventivas polonesas. 

  • Guerra no Oriente Médio (Gaza/Israel e impactos regionais): o conflito Israel–Gaza segue com ofensivas, altos números de vítimas e forte crise humanitária; tem efeitos regionais e diplomáticos amplos.

  • Presença naval dos EUA perto da Venezuela: os EUA posicionaram navios e ativos navais no Caribe/ao largo da Venezuela recentemente — movimentos justificados oficialmente por patrulha contra crime transnacional e proteção de rotas, mas que também têm forte componente sinalizador em termos de pressão política/regional. 

  • Índia × Paquistão: tensão elevada após ataques terroristas em 2025 que levaram a respostas transfronteiriças; episodicamente o confronto escalou com ataques aéreos/mísseis e trocas de fogo ao longo da Caxemira.

  • República Democrática do Congo (RDC): violência persistente no leste (M23, ADF e outros grupos), com massacres e deslocamentos; a situação humanitária e de insegurança regional permanece crítica. 

  • Sudão, Iémen, Nepal (e outros pontos): Sudão continua com luta entre forças estatais e milícias; Iêmen mantém um conflito complexo e fragmentado com forte componente regional; Nepal tem tensões políticas e por vezes conflitos localizados — todos refletem padrões de fragilidade estatal e intervenção externa. 

Conclusão:

    Para explicar a razão desta  multiplicidade de conflitos pode-se  abordar algumas questões, como a competição entre grandes potências, fragilidade estatal, nacionalismos e novas tecnologias militares baratas, etc... Mas o fato é que a Bíblia está se cumprindo no que tange aos sinais da volta ou segunda vinda de Jesus Cristo - "guerras e rumores de guerras". 

"E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé." (Romanos 13:11).




terça-feira, 9 de setembro de 2025

A Igreja Pós-Constantino - Continuação do Império Romano

 



A transição do cristianismo de uma religião marginalizada para a religião oficial do Império Romano foi um processo que alterou profundamente a história ocidental. Muitos historiadores interpretam que, após Constantino e seus sucessores, a Igreja não apenas sobreviveu ao colapso do Império Romano do Ocidente, mas se tornou a sua principal herdeira institucional e cultural. Este artigo apresenta as principais evidências dessa tese, com comentários e referências de autores clássicos e contemporâneos.

1. Centralização do Poder e Estrutura Hierárquica

Após o Édito de Milão (313 d.C.), Constantino conferiu privilégios à Igreja, dando-lhe uma estrutura hierárquica inspirada na organização do Estado romano. A autoridade papal se consolidou em Roma, centro do antigo império, com um modelo administrativo centralizado.

“A Igreja, organizada à imagem do Império, tornou-se a única instituição com capacidade de manter a unidade espiritual do Ocidente após a sua queda.”
— Jacques Le Goff, A Civilização do Ocidente Medieval

Essa centralização permitiu que a Igreja ocupasse um papel antes exercido pelo imperador: garantir ordem, coesão e identidade cultural.


2. Adoção de Títulos e Símbolos Imperiais

Muitos símbolos imperiais foram apropriados pela Igreja. O título Pontifex Maximus, por exemplo, que era usado pelos imperadores romanos como chefe da religião estatal, foi adotado pelos papas. Além disso, cerimônias, trajes e insígnias do papado têm inspiração direta no cerimonial imperial.

“A Igreja é o Império Romano batizado.”
— Will Durant, The Story of Civilization: Caesar and Christ

Essa frase de Durant resume a ideia de continuidade cultural: o cristianismo triunfou, mas incorporou elementos romanos para consolidar seu poder.


3. Cristianismo como Religião Oficial

O Édito de Tessalônica (380 d.C.), sob Teodósio I, oficializou o cristianismo como religião do Império. A partir desse momento, a Igreja deixou de ser apenas uma instituição espiritual para se tornar parte integrante da administração imperial.

“Constantino não apenas legalizou o cristianismo; ele inaugurou uma nova ordem política em que a Igreja se tornava o instrumento da unidade imperial.”
— H. A. Drake, Constantine and the Bishops: The Politics of Intolerance

A fusão entre poder político e religioso foi um marco que pavimentou o caminho para que a Igreja herdasse a função de guardiã da ordem romana.


4. O Papado como Poder Temporal

Com a queda de Roma em 476 d.C., o Papa emergiu como figura de autoridade política e espiritual no Ocidente. Herdou terras, tributos e um papel de árbitro entre os reinos bárbaros, atuando como um “imperador espiritual”.

“A Igreja não apenas sobreviveu à queda de Roma: ela a substituiu. Tornou-se o elo visível que conectava o passado imperial ao presente medieval.”
— Edward Gibbon, The Decline and Fall of the Roman Empire

Assim, o papado assumiu não só o cuidado das almas, mas também funções administrativas e diplomáticas, tornando-se herdeiro direto do poder romano.


5. Preservação da Cultura Romana

A Igreja manteve o uso do latim, o Direito Romano e as instituições educacionais do império. Mosteiros e bispados tornaram-se centros de preservação cultural.

“A Igreja cristã, mais do que qualquer outra instituição, manteve viva a chama da civilização romana, preservando seus textos, suas leis e sua ordem social.”
— Peter Brown, The Rise of Western Christendom

Essa continuidade cultural foi fundamental para a formação da Europa medieval e para a manutenção da identidade ocidental.


6. Síntese Historiográfica

Diversos estudiosos reforçam essa interpretação. Ramsay MacMullen, em Christianizing the Roman Empire, argumenta que a Igreja absorveu práticas e estruturas romanas para consolidar o cristianismo. Christopher Dawson, em Religion and the Rise of Western Culture, aponta que a Igreja foi o “esqueleto institucional” do Ocidente, enquanto Jacques Le Goff enfatiza sua função como herdeira e transmissora da cultura romana.


Conclusão

A Igreja pós-Constantino não foi apenas uma instituição religiosa: ela assumiu as funções, símbolos e responsabilidades do Império Romano, tornando-se sua principal herdeira. A fusão entre poder político e espiritual fez da Igreja medieval não apenas a sucessora de Roma, mas também uma espécie de guardiã e propagadora de sua cultura. 


segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Saul e os ministérios próprios segundo a carne !

 


Vivemos uma era de multiplicação de ministérios e igrejas independentes. A cada esquina, surgem novos templos e novas “visões”, muitas vezes lideradas por leigos sem formação bíblica, sem uma história e, principalmente, sem uma razão profética ou identidade clara. À primeira vista, isso parece zelo espiritual; no entanto, olhando pela lente da Escritura, pode ser apenas presunção humana — uma tentativa de fazer para Deus algo que Ele não ordenou.

A história do rei Saul em Gilgal (1 Samuel 13:8-14) é uma poderosa advertência. Pressionado pela ameaça inimiga e pela demora de Samuel, Saul decidiu oferecer o sacrifício em lugar do profeta. Seu gesto, embora aparentemente bem-intencionado, revelou falta de fé e desobediência. Samuel o confrontou com palavras duras:

“Procedeste nesciamente; não guardaste o mandamento do Senhor teu Deus... Agora o Senhor teria confirmado para sempre o teu reino; porém agora não subsistirá.” (1 Sm 13:13-14)

O ato de Saul foi uma usurpação espiritual: ele assumiu um papel que Deus não lhe deu. Assim também acontece quando pessoas, movidas por ambição, criam ministérios sem direção divina, transformando o chamado em algo humano.

Deus sempre chamou e capacitou pessoas específicas para liderar Seu povo. Moisés não se autoescolheu, nem Davi, nem os apóstolos. O Novo Testamento enfatiza que os dons e ministérios vêm de Cristo (Efésios 4:11), e que a Igreja deve funcionar com “decência e ordem” (1 Coríntios 14:40).
Formar igrejas sem alicerce bíblico, profético ou identitário sólido não é criatividade santa; é rebelião espiritual disfarçada de zelo.

A história registra que nem toda ruptura foi má. A Reforma Protestante, por exemplo, surgiu de uma necessidade legítima: recuperar a pureza do evangelho. No entanto, muitos movimentos eclesiásticos recentes não nascem de reforma, mas de ego, disputa de poder e vaidade pessoal.
Essa prática se assemelha à atitude de Saul: fazer “o certo” do jeito errado, sem aguardar a orientação de Deus.

Quando igrejas se multiplicam sem propósito espiritual legítimo, surgem sérios problemas:

  • Fragmentação doutrinária: O cristianismo perde clareza, e muitos crentes ficam confusos sobre o que é verdade.

  • Mercantilização da fé: Ministérios viram “marcas”, mais preocupadas com público do que com discipulado.

  • Desvio da herança apostólica: O evangelho histórico é substituído por novidades passageiras.

Essa desordem enfraquece o testemunho cristão e banaliza o sagrado.

Conclusão: 

A Igreja é obra do Espírito Santo, não de ideias humanas. Ela foi chamada a preservar “a fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos” (Judas 1:3). Criar igrejas sem direção divina é repetir o erro de Saul: agir por conta própria, em vez de obedecer à voz de Deus.
Que cada cristão e líder busque discernimento, humildade e fidelidade. Em um tempo de pluralidade religiosa, nossa maior necessidade não é de novas denominações, mas de uma Igreja que honre o legado de Cristo e dos apóstolos, vivendo em unidade e santidade.


sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Autenticidade – A questão central do Cristianismo

 



A autenticidade não é um tema periférico da fé cristã. A essência do cristianismo vai muito além das aparências, mas em uma relação verdadeira com Deus. Jesus deixou isso claro ao dialogar com a mulher samaritana: “Importa que os verdadeiros adoradores adorem o Pai em espírito e em verdade” (João 4:23). A adoração verdadeira não é uma performance externa, mas uma expressão sincera de um coração entregue.

Desde o início, as Escrituras nos mostram que Deus vê além das aparências. Quando Adão e Eva tentaram cobrir a vergonha com folhas de figueira, aquilo não mudou a realidade do coração nem a verdade diante de Deus (Gên. 3). Deus os viu em sua essência e providenciou vestes adequadas, simbolizando que só Ele pode cobrir nossa culpa. Esse episódio mostra que Deus não se deixa enganar por aparências — Ele sonda o íntimo do coração.

O profeta denuncia religiões vazias quando diz que o povo honra a Deus com os lábios enquanto o coração está longe (Isaías 29). Jesus advertiu sobre esse perigo quando disse: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mateus 7:22-23). Obras religiosas, sem um coração regenerado, não têm valor diante de Deus.

No mundo contemporâneo essa pergunta sobre autenticidade é urgente. Vemos líderes que usam o ambiente eclesial para promoção política, busca de poder e acúmulo de riquezas — práticas que corroem a confiança e desviam o evangelho da sua simplicidade redentora. Cada cristão é chamado a confrontar, individualmente, sua própria autenticidade espiritual.. Fingir santidade pode até dar frutos humanos imediatos, mas falhará diante do Senhor, que conhece motivações e intenções do coração.

Portanto, a autêntica vida cristã exige exame sério e contínuo: arrependimento onde houver duplicidade; transparência nas motivações; compromisso com a justiça, a humildade e o amor sacrificial; e prática constante da oração e da Palavra para que a fé se enraíze na carne e no espírito. À luz da expectativa da volta de Cristo e da percepção de que o tempo de graça é precioso, a convocação é clara — viver o evangelho sem máscaras, hoje.  O chamado do Evangelho é para um cristianismo real, onde Cristo é entronizado no coração, transformando intenções e ações.

Portanto, ser cristão vai muito além de frequentar igrejas, cumprir ritos ou usar o nome de Jesus em atividades religiosas. Trata-se de entregar-se completamente a Ele, permitindo que Seu Espírito molde nosso caráter. A autenticidade é a marca dos verdadeiros discípulos, e somente esses estarão prontos para encontrar o Senhor em glória.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

O Dom da Imortalidade !

 



Em meio ao desfile militar em Pequim, no dia 3 de setembro de 2025, um microfone aberto surpreendeu o mundo ao capturar um diálogo quase insólito entre Xi Jinping e Vladimir Putin. Enquanto caminhavam lado a lado, os dois líderes foram ouvidos discutindo a possibilidade de prolongar a vida humana através da biotecnologia. O tradutor de Putin comentou que os órgãos humanos poderiam ser transplantados continuamente, “quanto mais você vive, mais jovem se torna, e — até alcançar a imortalidade.” Xi respondeu que há previsões de que, neste século, seres humanos poderão viver até os 150 anos. Saiba mais <aqui>.

Essa conversa informal — mas amplamente divulgada — oferece um pano de fundo curioso para refletirmos sobre a real possibilidade de desfrutarmos da imortalidade segundo a perspectiva bíblica.

A Bíblia e a imortalidade: “Quem tem o Filho, tem a vida”

No Novo Testamento, João afirma de forma clara e profunda que “quem tem o Filho, tem a vida” (1 João 5:11-12). Nesse contexto, a vida não é meramente existência prolongada, mas uma vida verdadeira e plena, concedida por Deus por meio de Jesus Cristo — uma vida que transcende o tempo e as limitações humanas.

Deus é a fonte de toda vida. No Jardim do Éden, a árvore da vida era símbolo da comunhão entre o Criador e a humanidade. Porém, o pecado provocou o rompimento dessa comunhão. A expulsão de Adão e Eva do Éden representou a perda do acesso à árvore da vida, e com isso, a mortalidade entrou no mundo. 

Em Gênesis, após o pecado, Deus expulsa o homem do jardim para evitar que, “alcançando a mão e tomando também da árvore da vida, viva para sempre” (Gênesis 3:22-23). A imagem é poderosa: o acesso à vida eterna foi bloqueado em função do pecado, sinalizando que a verdadeira imortalidade não é uma conquista tecnológica, mas um presente divino.


Considerações:

Enquanto Xi e Putin especulam sobre biotecnologia e transplantes contínuos como caminho para prolongar a vida ou atingir a imortalidade — um desejo compreensível, mas circunscrito à esfera física e científica — a Bíblia aponta para uma imortalidade que brota da fé e da relação com Deus.

A promessa bíblica não é de prolongamento indefinido do corpo, mas de vida eterna na presença de Deus. A morte física é real hoje, consequência do pecado; mas a ressureição é a esperança em Cristo. Quem tem o Filho participa da vida eterna e Ele o ressuscitará no último dia ( João 6:40). 

O recente diálogo de Xi e Putin sobre longevidade e imortalidade é um antigo anelo da  ambição científica que permanece no âmbito humano e finito. A verdadeira imortalidade, conforme ensina o evangelho, não se conquista com transplantes ou avanços tecnológicos — e sim com o Filho, que dá a vida eterna. O dom da imortalidade não reside em órgãos substituídos, mas em um coração transformado pela graça de Cristo, a única fonte de vida verdadeira.