quinta-feira, 5 de outubro de 2023

"Laudate Deum" - O Papa convoca à uma nova ordem global para salvar o planeta

 


A recém publicada exortação Laudate Deum vem como um desdobramento da Encíclica Laudate Si (2015). Esta é uma manifestação em prol da defesa do planeta em face da ameaça das mudanças climáticas. Tenta conscientizar de forma vigorosa a necessidade de medidas e ações que evitem ou minimizem a situação de degradação ambiental que se adensa em nossos dias.

Para Francisco é necessário fazer mais do que os recursos técnicos já apresentados, a situação envolve problemas mais profundos do sistema mundial. Nas entrelinhas pode-se entender uma crítica ao atual sistema capitalista ou à ordem mundial vigente. A necessidade de reformá-la ou recriá-la é entendida em diferentes trechos do documento.

Alguns trechos interessantes da Laudato Deum:

Quando se fala duma possível forma de autoridade mundial regulada pelo direito, não se deve necessariamente pensar numa autoridade pessoal. Falamos sobretudo de organizações mundiais mais eficazes, dotadas de autoridade para assegurar o bem comum mundial, a erradicação da fome e da miséria e a justa defesa dos direitos humanos fundamentais. O importante é estarem dotadas duma real autoridade que possa assegurar a realização de alguns objetivos irrenunciáveis. Deste modo dar-se-ia vida a um multilateralismo que não depende das circunstâncias políticas instáveis ou dos interesses de poucos e que tem uma eficácia estável.”

O mundo está a tornar-se tão multipolar e, simultaneamente, tão complexo que é necessário um quadro diferente para uma cooperação eficaz. Não basta pensar nos equilíbrios de poder, ocorre também responder aos novos desafios e reagir com mecanismos globais aos desafios ambientais, sanitários, culturais e sociais, sobretudo para consolidar o respeito dos direitos humanos mais elementares, dos direitos sociais e do cuidado da casa comum. Trata-se de estabelecer regras universais e eficazes para garantir esta proteção mundial.”

"Tudo isto pressupõe que se adote um novo procedimento para a tomada de decisões e a legitimação das mesmas, porque o procedimento estabelecido há vários decénios não é suficiente nem parece ser eficaz. Neste contexto, são necessários espaços de diálogo, consulta, arbitragem, resolução dos conflitos, supervisão e, em resumo, uma espécie de maior «democratização» na esfera global, para expressar e incluir as diversas situações. Deixará de ser útil apoiar instituições que preservem os direitos dos mais fortes, sem cuidar dos direitos de todos."


Esta visão é compartilhada por outras lideranças de vulto na atualidade. A agenda globalista é um instrumento talhado a quatro mãos, no qual o Vaticano quer imprimir sua marca indelével. Com certeza, os capítulos que se seguirão culminarão com os eventos finais da história deste mundo. A humanidade já atravessou muitas crises no decorrer de sua história, mas agora há um adensamento em muitos aspectos que caracteriza ser uma crise sui generis. Diante do fato não poderia, aquela que é considerada a maior autoridade religiosa do planeta, deixar de propor, interferir ou se pronunciar. No entanto a proposta de uma governança global como a possível solução para a atual crise é surpreendente, principalmente aos que não conhecem as profecias bíblicas de cunho escatológico. Aos que conhecem e aceitam o método historicista de interpretação profética do Apocalipse, reconhecem a solenidade dos dias que estamos vivendo e com certeza estão se preparando para a breve volta do Senhor Jesus! 

Aguinaldo C. da Silva 

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