quarta-feira, 10 de junho de 2020

Babilônia e o Remanescente Fiel

O Apocalipse  descreve Babilônia como a grande cidade que dá a beber a muitos o vinho de sua devassidão (Apoc. 18.3). Babilônia é citada no Novo Testamento como sendo Roma (I Pedro 5.13). Também é descrita pelo Apocalipse como assentada sobre sete montes (Apoc.17.9). É a cidade que reinava sobre os reis da Terra no tempo de João (Apoc.17.18).

Roma no aspecto religioso se revela como um arcabouço crescente de religiões pagãs, conforme outras civilizações eram conquistadas e seus deuses colocados no Panteão romano. Este espírito sincretista foi assimilado posteriormente pela igreja cristã  congregando várias doutrinas, crenças e tradições de diferentes fontes.
Podemos entender a igreja na Idade Média como fruto da amalgamação entre o cristianismo e o paganismo  e  outras fontes obscuras ou avessas à Bíblia. Portanto Roma sob o espírito de Babilônia é absorvida pela igreja cristã. O espírito sincretista de Babilônia faz com que hoje haja uma assimilação macroecumênica de diferentes  segmentos religiosos. Entre os quais podemos citar:

- Espiritismo moderno, Umbanda, Candomblé;
- Paganismo e orientalismo (Budismo, Xintoísmo, Induísmo, e outras religiões orientais);
- Parapsicologia, Ufologia;
- Medicina holística, terapias exotéricas;
- Pentecostalismo, Carismatismo, (enfoque no falso dom de línguas);

O espiritualismo é o pano de fundo que agrega todas estas correntes citadas acima. Foi no jardim do Éden que Satanás primeiramente atuou se disfarçando  através da mediunidade. De lá para cá tem usado outros estratagemas, como a crença na imortalidade da alma, para atrair e enredar as pessoas para si. Esta crença está na raiz do espiritismo e presente nas demais religiões não bíblicas. É um dos mais bem sucedidos estratagemas do enganador. Mas há também a operação de prodígios e sinais enganadores (II Cor. 11.14).

Este último artifício citado é uma das formas mais sutis de atuação, pois é geralmente revestido de um viés bíblico, tentando se passar pelo Espirito Santo de Deus. Este é o mais bem sucedido artifício enganador  da atualidade. Milhares pensam estarem sendo agraciados com o poder do alto, com a chuva serôdia do Espírito de Deus, quando estão sendo, na realidade, iludibriados pelo poder apóstata.

No contexto de Babilônia, os segmentos religiosos mencionados anteriormente compõe o grande escopo de enganos, citados no Apocalipse como sendo o vinho de Babilônia (Apoc. 17.2,4).   Este vinho é servido a todos que não terão o nome escrito no livro da vida (Apoc. 17.8). No tempo do fim há uma polarização entre os seguidores da Besta e do Cordeiro, entre os que receberão a marca ou o sinal da Besta e os que receberão o selo de Deus (Apoc, 13.16; Apoc. 9.4).  

O grupo que  receberá o selo de Deus se identificou com a verdade, ouvindo e atendendo o apelo do anjo que conclama a sair de Babilônia (Apoc. 18.1-4). No último tempo antes de segunda vinda do Senhor Jesus é ouvida a mensagem angélica: "Sai dela (Babilônia) povo meu!"  Uma mensagem crucial, veemente, imprescindível.

O anjo, no contexto dos capítulos 14 e 18, representa um mensageiro, que pode ser um grupo de cristãos ou movimento religioso incumbido de uma obra específica no plano divino. Este grupo também é descrito como um resto da semente da mulher (igreja) que se manteve fiel aos mandamentos de Deus e ao testemunho de Jesus (Apoc. 12,17).

 Este grupo remanescente  é descrito no final do capítulo 12, capítulo que descreve simbolicamente a história da igreja cristã. Assim  no último desdobramento da Reforma Protestante, surge um grupo guiado pelo Espírito Santo, pois Ele é quem guia toda verdade (João 16.13),  completando a obra de retorno às verdades bíblicas. O movimento de retorno à Bíblia não ocorreu de forma rápida, mas delongou alguns séculos. A grande maioria dos movimentos e grupos que surgiram na época da Reforma se limitaram a visão de seus líderes, não prosseguindo com o processo de volta à Bíblia. Só um pequeno grupo, descendente do movimento Adventista, chega na primeira metade do século XIX com  uma visão mais ampla da Palavra de Deus, restabelecendo as doutrinas originais do Cristianismo.

A missão do remanescente fiel no último tempo é tão difícil e dura quanto a missão dos profetas Sabemos que boa parte dos profetas de Deus foram perseguidos e hostilizados, pois sua mensagem é de reprovação e censura aos pecados e erros praticados. Malaquias descreve que antes do grande e terrível dia do Senhor virá Elias para advertir e exortar o mundo (Mal. 4,5) . Este papel, segundo Jesus, foi desempenhado na sua primeira vinda por João Batista (Mat.17.12), Na sua segunda vinda será pelo remanescente fiel apontado no Apocalipse. 

Para fazer parte do remanescente fiel no tempo do fim é necessário além de aceitar as verdades bíblicas, também entender e aceitar a forma como Deus tem guiado e conduzido o seu povo. Que Ele não age pelo ímpeto e propósito da contradição, da dissensão ou do mero sectarismo, mas quer conduzir seu povo à unidade da fé e da comunhão em amor (João 17.21). Portanto agora,  num tempo de multiplicidade de denominações, igrejas ou grupos de cristãos, a profecia do Apocalipse apresenta apenas dois grupos que se unirão em torno da verdade ou do erro, um seguindo a Besta e outro o Cordeiro. 

O rompimento com Babilônia tem que ser completo e pleno. A mensagem conclama a sair dela para  não ser alvo da ira divina e não receber as pragas que cairão sobre a Terra (Apoc.18.4). O fiel tem que estar distanciado completamente do vinho (doutrinas e crenças) de Babilônia. Não há espaço para negociação ou jogo de interesses, pois Babilônia se tornou morada de demônios e coito de todo espírito imundo e toda ave imunda (Apoc. 18.2). 
Babilônia se tornou a estrutura criada pelo maligno mais poderosa para produzir o engano no decorrer de todos os tempos. A saída dela decorre de uma decisão pessoal com base na sinceridade, amor à verdade e discernimento espiritual. Uma decisão que resultará em consequências eternas!


Aguinaldo C da Silva

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