A vida cristã não foi desenhada para ser vivida em conforto constante, mas em constante crescimento. E crescer, muitas vezes, exige sair da zona de conforto. As Escrituras estão repletas de exemplos de pessoas que, movidas pela fé, enfrentaram obstáculos, romperam barreiras sociais, emocionais e até espirituais, em busca de algo maior: a presença e o toque transformador de Jesus.
Um exemplo marcante é o da mulher com fluxo de sangue, em Marcos 5:24-34. Por doze anos, ela sofreu com sua enfermidade e com a rejeição social, sendo considerada impura. Mesmo assim, ela não se conformou com sua condição. Poderia ter esperado uma "cura à distância", uma oração intermediada, uma palavra de consolo. Mas não. Ela decidiu se mover, sair de onde estava, desafiar a multidão e os limites da lei, para tocar em Jesus — ainda que fosse apenas na orla de Suas vestes. Esse toque exigiu coragem, esforço, fé e, sobretudo, uma decisão de não permanecer na zona de conforto.
Outro exemplo é o da mulher siro-fenícia (Marcos 7:24-30). Gentílica, estrangeira, sem "direito" à atenção de um mestre judeu, ela poderia ter aceitado sua exclusão. Mas, pela dor da filha e pela certeza de que só Jesus podia intervir, ela rompeu distâncias físicas e emocionais. Mesmo diante de uma resposta dura de Jesus, que à primeira vista parecia um desprezo — “Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos” — ela não se ofendeu, não desistiu, não se revoltou. Pelo contrário, com humildade e perseverança, respondeu com fé e recebeu o milagre.
Na busca por Jesus essas mulheres foram além. Elas romperam com o conforto, com as expectativas humanas e com os possíveis escândalos sociais. Foram determinadas, ousadas e resilientes. E isso fala diretamente aos nossos dias.
Muitos crentes hoje vivem estacionados na fé, esperando que Deus faça tudo enquanto permanecem passivos. Outros se desencorajam e até se afastam da comunhão por causa de relacionamentos difíceis na igreja ou por maus exemplos de liderança. Mas é justamente nesses momentos que somos chamados a ir além, a fazer como aquelas mulheres: continuar buscando a Cristo com fé viva, ainda que os meios não sejam os ideais ou os caminhos pareçam duros.
A fé verdadeira não se acomoda. Ela se levanta, insiste, busca, toca, clama, persevera. Não se escandaliza com as falhas humanas, pois está fixada em Cristo, não nos homens. A fé ativa não se submete à letargia espiritual nem se entrega ao vitimismo. Ela se movimenta em direção à fonte da vida.
Portanto, que possamos aprender com essas mulheres de fé. Que a nossa caminhada com Cristo não seja moldada pela conveniência, mas pela convicção. Que não sejamos como os que esperam sentados, mas como os que tocam, clamam e insistem — porque sabem que, em Jesus, há cura, há resposta e há vida em abundância.
Saia da zona de conforto. Jesus está passando. Mova-se até Ele!