Segundo a doutrina da Igreja Católica, o papado tem origem no apóstolo Pedro. Esta crença se baseia na passagem de Mateus 16:18, "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" 1 - passagens esta com divergentes interpretações no mundo cristão. Portanto, a tradição sustenta que Pedro foi o primeiro bispo de Roma e que, ao morrer mártir na cidade, teria iniciado uma sucessão apostólica que culminaria na figura do Papa. Esta sucessão é vista como fundamento da autoridade papal (Catecismo da Igreja Católica, §882–884). 2
Perspectiva Histórico-Crítica
Do ponto de vista da historiografia moderna, não há evidências documentais contemporâneas ao apóstolo Pedro que confirmem que ele tenha exercido um cargo formal de “Papa” em Roma. A figura do Papa, como chefe universal da Igreja, é resultado de um processo gradual de desenvolvimento institucional.3
Há registros patrísticos que mencionam a presença de Pedro em Roma, como os escritos de Clemente de Roma (final do século I) e Inácio de Antioquia (início do século II), mas esses testemunhos não definem Pedro como "Papa" em sentido moderno. 4
Consolidação do Bispo de Roma
Nos primeiros séculos, o bispo de Roma era um entre vários líderes de igrejas importantes (Antioquia, Alexandria, Jerusalém).5 Com o tempo, especialmente após o Édito de Milão (313 d.C.) e o Édito de Tessalônica (380 d.C.), o cristianismo ganhou status legal e, depois, oficial dentro do Império Romano. Isso conferiu ao bispo de Roma uma proeminência crescente.6
Afirmação do Primado Papal
A doutrina da primazia papal foi defendida com mais vigor a partir do Papa Leão I (440–461 d.C.)7, que utilizou tanto argumentos teológicos (Pedro como fundamento da Igreja) quanto políticos (autoridade de Roma como capital do império). 8
Conclusão
Historicamente, o papado não surgiu de forma instantânea com o apóstolo Pedro, mas foi se constituindo gradualmente à medida que o bispo de Roma ganhava autoridade e prestígio dentro da estrutura do Império e da Igreja. No entanto a teologia católica considera a sucessão de Pedro como legítima e essencial para a unidade da fé cristã.
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