quinta-feira, 27 de junho de 2024

O Anticristo e a Polarização Política

 



    O mundo hoje está vivenciando uma polarização política entre setores de direita e esquerda. Muitos estudiosos de escatologia relacionam este fato com o desencadeamento dos eventos finais da história deste mundo.  Isto porque de uma lado está  um segmento que defende pautas mais conservadoras nos costumes e na moral, já de outro lado está outro segmento  que sustenta pautas mais progressistas ou liberais. 
     Para alguns, este embate politico-ideológico é decorrente de um avanço de forças que irão trazer o  governo global e o aparecimento do anticristo, que perseguirá os fiéis nos últimos tempos. Esta visão tem orientado parte dos republicanos evangélicos nos EUA e também muitos evangélicos na América Latina e em outras partes do mundo. 
    É claro que muita coisa no mundo tem relação com o grande conflito entre o bem e o mal, que o livro do Apocalipse revela seu clímax perto do fim dos tempos, antes da volta de Jesus. Mas ainda que parte das instrumentalidades que atuarão nos eventos finais participem da política e dos governos deste mundo, não podemos dizer hoje que o anticristo será de viés de esquerda ou de direita. A Bíblia declara que este poder se põe no lugar de Cristo ao   ocupar o seu lugar no templo e tentar se parecer com Ele. (II Tess. 2:1-4; II Cor.11:3,13-15).
    
    Ao invés de ser um poder antagônico a Cristo de forma aberta e declaradamente, este poder ostenta características semelhantes as de Cristo, podendo ter traços de piedade e benevolência, que são características cristãs ou de boa religiosidade.  Ao contrário do que sugerem alguns intérpretes das profecias, não se trata de um poder ateísta ou abertamente opositor ao cristianismo, mas de alguém que imita em certos aspectos o próprio Cristo.
    Esta realidade está em consonância com a advertência que mais se repete em Mateus 24, ou seja, cuidado com os enganos. Se o anticristo fosse alguém notadamente contra o cristianismo não traria em si o elemento engano (Apoc 13:14; 19:20). A Bíblia também afirma no livro do Apocalipse que o mundo se maravilhará após a besta (Apoc. 13:3). Um poder ameaçador aos valores da ética e da moral vigente ou declaradamente avesso aos valores cristãos não teria o apoio maciço da opinião pública.  Só um líder carismático, ostentando características elogiáveis poderá cativar as multidões. Portanto, um líder que pendesse para ações revolucionárias de enfrentamento ao que a nossa civilização considera como correto e equilibrado não traria admiração e apoio.
    
    Ao invés de ser como as figuras citadas pelo teóricos da conspiração, ou seja, elementos que revolucionarão o mundo impondo algo chocante de caráter invasivo ou estranho, o anticristo nos últimos dias imporá algo que parecerá benéfico para a sociedade, no entanto contrário a lei de Deus e ofensivo à Sua vontade.
   Neste aspecto só um poder preenche os requisitos aqui citados, este é o Papado. Esta é a única liderança reconhecida pelos mais importantes setores da sociedade, seja religiões ou governos, capaz de conciliar ou satisfazer os mais diferentes interesses e demandas hoje presentes no mundo. Por sua influência e reconhecido prestígio é capaz de agregar as lideranças  e autoridades do mundo inteiro para atingir um determinado propósito ou estabelecer um determinado projeto.
   
    Esta interpretação foi ensinada pelos reformadores protestantes no século XVI, que viam o Papado como uma instituição que alterou as doutrinas cristãs originais do evangelho, construindo uma ponte com o paganismo romano. Na realidade as "mudanças dos tempos e da lei", que faria a ponta pequena  (Daniel 7:25), pode ser constatada na mudança dos Dez Mandamentos, como por exemplo na alteração do dia de guarda do sábado para o domingo. Este fato, bem como  as demais  inserções contrárias à Bíblia feitas na doutrina da igreja, não são mais levados em conta por uma sociedade secularizada. Porém  trata-se de um sistema  paralelo de adoração que não é aceito por Deus. Podemos interpretar o 666 (número de homem) como uma designação do interesse humano se sobrepondo ao  divino por contrariar a Sua vontade. Este fato segue a conduta de Caim, que atendeu a sua própria vontade diante dos critérios informados por Deus quanto a forma de culto a ser oferecido naquele contexto.  
    
    No tempo final da história deste mundo a adoração continua sendo a questão central do grande conflito que se iniciou no céu. Neste aspecto o Apocalipse menciona os adoradores da Besta e os adoradores do Cordeiro como os dois únicos grupos relevantes no final dos tempos. Não será uma polarização  baseada nas pautas de esquerda ou direita, mas algo relevante segundo os critérios divinos da verdadeira adoração.
    Nos momentos finais da história deste mundo a identificação correta deste poder opositor a Cristo é uma questão fundamental. Não devemos cair em suposições irrealistas e sermos enganados por certas narrativas. A posição do cristão no último tempo deverá ser regrada pela Bíblia e levado ao escrutínio da consciência. 
    Muitas teorias tem sido formuladas neste tempo que acabam sendo cortina de fumaça, ou seja, instrumentos de distração ou dissuasão  no processo de identificação da verdade. 

"Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão." Daniel 12;10. 


 

    


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