A busca desenfreada pelas coisas materiais tem sido uma das grandes armadilhas do coração humano. Em um mundo que valoriza o acúmulo de bens, o status e o prazer imediato, muitos constroem suas vidas sobre fundamentos frágeis e passageiros. No entanto, a Palavra de Deus nos oferece uma perspectiva diferente — uma que aponta para valores eternos, e não temporários.
Jesus, em Lucas 12:16-20, conta a parábola do rico insensato. Este homem acumulou uma grande colheita, encheu seus celeiros e disse a si mesmo: “Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te”. Mas Deus lhe disse: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?”. Essa história ilustra a futilidade de uma vida centrada apenas no material. Quando a alma humana se ancora nos prazeres carnais e nas riquezas deste mundo, ela se torna vulnerável ao desalento quando as circunstâncias mudam — e elas inevitavelmente mudam.
Quantas pessoas, ao perderem sua saúde, seu emprego ou seu prestígio, mergulham em profundo desespero? Isso acontece porque sua existência estava fundamentada no que é passageiro. Quando os ventos das adversidades sopram, aquilo que parecia sólido se desfaz como areia movediça. Sem um sentido maior, resta apenas o vazio — a perda do propósito, da vontade de seguir em frente.
Contudo, o apóstolo Paulo nos aponta um caminho diferente: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um eterno peso de glória, acima de toda comparação” (2 Coríntios 4:17). A espiritualidade genuína não nega as dificuldades da vida, mas oferece alento que transcende as circunstâncias imediatas. Ela enraíza o ser humano em algo eterno, sólido e seguro. Como diz o salmista, aquele que medita na Palavra do Senhor “é como árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cuja folha não murcha” (Salmo 1:3). Esse é o retrato do homem que se sustenta mesmo no tempo da seca, pois está alimentado por uma fonte que não seca.
Jesus nos ensina ainda em Mateus 6:19-21: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem, e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu... porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” O coração humano precisa de um foco, de um centro gravitacional. Quando esse centro está no céu — na presença de Deus, em Sua justiça, amor e promessa eterna — a alma encontra firmeza, propósito e esperança, mesmo diante das perdas e frustrações terrenas.
Portanto, é imperativo que redirecionemos o foco da vida. Não para os bens que acumulamos ou os prazeres que desfrutamos, mas para o relacionamento com o Criador, que dá sentido à existência. Só assim, ancorados no eterno, seremos capazes de atravessar as tempestades da vida com a alma firme e com esperança no coração. A esperança é uma das três virtudes teologais (fé, esperança e amor), que são dons divinos que nos permitem amar a Deus e aos outros e nos conectam com Ele.