A visão
predominante nas igrejas pentecostais no que se refere à evidência do
recebimento do Espírito Santo, considera o “falar em línguas” (glossolalia)
como a manifestação essencial ou primária deste evento na vida do crente.
Os
adventistas do sétimo dia, baseados na Bíblia, entendem esse evento de forma
mais ampla e centrada na transformação do caráter e no serviço cristão. As
evidências bíblicas apontam para o batismo do Espírito Santo como sendo uma experiência espiritual profunda, que
envolve o recebimento da presença divina para capacitação na missão, santificação
da vida e comunhão com Deus. Essa experiência não está limitada a
manifestações carismáticas visíveis ou emocionais. Em vez disso, ela se
evidencia principalmente por meio dos frutos do Espírito, conforme descritos em
Gálatas 5:22–23 — amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão e domínio próprio. Esses frutos indicam que a vida do
crente está sendo moldada pelo Espírito de Deus.
Num
escopo bíblico mais amplo o batismo do Espírito pode ser visto como parte do
processo contínuo de conversão e crescimento espiritual. Ele pode ocorrer no
momento da conversão, mas também pode ser renovado diariamente à medida que o
crente se submete à direção do Espírito. A missão evangelizadora da igreja é
outra marca fundamental dessa experiência, pois o Espírito Santo é visto como o
poder capacitador para o testemunho cristão, como exemplificado na vida dos
apóstolos após o Pentecostes.
Quanto ao
dom de línguas, a sua existência é bíblica, mas devemos compreender como a
capacidade dada por Deus para comunicar o evangelho em idiomas humanos reais,
com o propósito de edificação e expansão do Reino de Deus — e não como uma
linguagem extática ininteligível ou sinal obrigatório do batismo espiritual.
Essa interpretação se baseia em textos como Atos 2, onde os discípulos falaram
em línguas compreensíveis por pessoas de diversas nações ali presentes.
Portanto,
não deve existir a ênfase em um sinal específico, mas na transformação do
caráter, no crescimento espiritual e na dedicação ao serviço. O batismo do
Espírito Santo é considerado essencial à vida cristã, mas sua verdadeira
evidência está em uma vida frutífera, obediente e centrada em Cristo.
Fundamento Bíblico
O batismo
do Espírito Santo é uma promessa feita por Jesus a todos os crentes (João
14:16–17; Atos 1:5,8). Ele é essencial para a missão da igreja e para o
crescimento espiritual dos membros.
O
apóstolo Paulo declara que todos os crentes são batizados em um só Espírito no
momento em que aceitam a Cristo:
“Pois em
um só Espírito todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos,
quer servos, quer livres, e a todos nós foi dado beber de um só Espírito.” ( 1 Coríntios 12:13).
Paulo
também afirma que o verdadeiro sinal da presença do Espírito Santo são os frutos
do Espírito, não dons específicos:
“Mas o
fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão e domínio próprio.” ( Gálatas 5:22–23).
Entendimento sobre o Dom de Línguas
Os
adventistas reconhecem a existência do dom de línguas, mas interpretam seu uso
conforme o modelo bíblico de línguas humanas reais, dadas por Deus para
comunicar o evangelho a pessoas de diferentes idiomas — como exemplificado em
Atos 2:
“Todos
ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo
o Espírito lhes concedia que falassem.” ( Atos 2:4).
O milagre
aqui foi de compreensão linguística, e não de uma linguagem extática
incompreensível. O dom de línguas, conforme descrito no Novo Testamento, consistia
na capacidade de falar idiomas humanos reais não aprendidos previamente. A
ênfase da Bíblia está na comunicação clara e compreensível da verdade.
Ellen G. White enfatizou a necessidade de
sermos cheios do Espírito Santo, mas associava isso à vida consagrada, caráter
cristão e testemunho fiel — não a sinais externos.
“O
batismo do Espírito Santo, como no dia de Pentecostes, levará os filhos de Deus
à unidade. Removerá todas as barreiras... A todos os que o recebam, o Espírito
trará uma nova capacidade para conhecer e amar a Deus.” ( Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, vol. 8, p. 20).
Ela
também advertiu contra a exaltação de manifestações emocionais:
“As
manifestações exteriores não são prova de que o coração está renovado pela
graça de Deus.” ( Ellen G. White, Evangelismo, p. 610).
“Sentimentos
não são fé. Eles são duas coisas distintas. Fé não se baseia em impressões; ela
vem pela Palavra de Deus.” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 25).
Conclusão
Portanto,
na compreensão adventista, o batismo do Espírito Santo é uma experiência
de renovação espiritual, concedida a todos os que se entregam sinceramente a
Deus. Ele se manifesta não por um sinal específico, como o falar em línguas,
mas através de uma vida transformada e dedicada à missão. Essa experiência deve
ser buscada continuamente e é fundamental para o reavivamento pessoal e
coletivo da igreja.