sábado, 16 de setembro de 2017

Como medir o crescimento espiritual

A dificuldade de mensurar o crescimento espiritual é um dos grandes desafios da vida cristã. Muitos demonstram-se ansiosos por experimentar a presença de Deus de maneira mais marcante. Em alguns casos, essa sede espiritual chega a esbarrar em uma certa frustração quando esse “algo mais” não é percebido na experiência com Deus.
O fato de a vida espiritual não ser mecânica a torna difícil de ser medida. A própria tentativa de definir espiritualidade já é uma tarefa árdua. Uma das causas de frustrações na busca por uma vida espiritual mais robusta é exatamente essa subjetividade. A conversa entre Jesus e o jovem rico, registrada nos evangelhos, revela exatamente esse dilema: “Que farei de bom parar ter a vida eterna? […] A tudo isso [mandamentos] tenho obedecido. O que me falta ainda?” (Mt 19:16,20).
O ponto central da resposta de Jesus – “venda os seus bens e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro nos céus. Depois, venha e siga-me” – é que espiritualidade não tem que ver simplesmente com tarefas, metas, objetivos, competência ou perfeição, mas com relacionamento, intimidade e conexão.
Embora relacionamentos sejam subjetivos, ainda assim são mensuráveis. Porém, eles necessitam de métricas diferentes para a avaliação de sua eficácia.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

A confusão no uso dos termos evolução e evolucionismo

Tenho percebido ao longo do tempo que é difícil remover o estigma da palavra “evolução” na comunidade criacionista. Em nível popular, conforme o dicionário Houaiss da língua portuguesa, “‘evolução’ é qualquer processo gradativo e progressivo de transformação, de mudança de estado ou condição”. 
Porém, de acordo com a bióloga Gabriela Saldanha, diretora do departamento de extensão do Núcleo Maringaense da Sociedade Criacionista Brasileira (Numar-SCB), “muitos criacionistas não gostam de usar o termo ‘evolução’ em momento algum em suas falas ou textos para porventura não fazerem apologia à ‘Teoria da Evolução’ ou ‘Evolucionismo’ (esses, sim, sinônimos). Porém, é muito importante que nós, criacionistas, nos tornemos irrepreensíveis, inclusive no uso correto de significados e da Língua Portuguesa, por exemplo, deixando de usar a palavra ‘evolução’ como sinônimo de ‘Teoria da Evolução’. Devemos ser exemplos no uso correto dos termos e estar aptos a explicar e corrigir sempre seu mau uso”.

Para o biólogo e mestre em Biologia Animal Ebenézer Lobão Cruz, “há um erro que nós estudiosos do tema não podemos cometer, que é o de achar que o termo ‘evolução’ é sinônimo de ‘evolucionismo’, achar que tudo relacionado à ‘evolução’ está se referindo à Darwin ou às teorias neodarwinistas ou sintéticas. ‘Evolucionismo’ é uma corrente filosófica cheia de erros e direcionamentos impróprios, enquanto ‘evolução’ é só um substantivo derivado do verbo evoluir e pode ser usado em diversos sentidos. Acredito na possibilidade de mudança, inclusive genética, dos seres. E isso é ‘evolução’, não há o que se discutir. Porém, acreditar nos ditames da teoria darwiniana como explicativa do surgimento e desenvolvimento dos seres já é demais. Outro exemplo é o uso das palavras ‘adaptação’ e ‘evolução’, embora sejam palavras diferentes, elas não são divergentes. Quando há adaptação e essa adaptação não é apenas pontual, ela se mantém como sendo uma modificação para a sobrevida de uma espécie no ambiente, isso é um processo evolutivo no verdadeiro sentido da palavra ‘evolução’. Portanto, posso estar falando sobre ‘evolução’ sem estar concordando com as ideias de Darwin.”

Sobre o uso da palavra evolução, há complicações porque as pessoas usam figuras de linguagem e significados mais específicos dependentes de contexto o tempo todo. Mesmo assim, é útil manter em mente que “evolução” é toda e qualquer alteração de qualquer coisa ao longo do tempo, ou mesmo a não-alteração.
Por exemplo, podemos perguntar: como evolui a constante cosmológica? Resposta: mantém-se constante. Isso é evolução. Uma armadilha em que muitos caem é confundir “evolução” com melhoria. O conceito de “melhoria” não faz sentido na maioria dos casos em que se pode usar o termo evolução, mesmo em Biologia. Outro erro é confundir “evolução” com a proposta neodarwiniana. Na verdade, o que o neodarwinismo faz é apresentar uma ideia sobre como deve ter sido a evolução. O modelo criacionista tem outra proposta sobre como a evolução deve ter ocorrido (ex.: Deus formando a Terra e criando seres vivos em uma semana, diversificação posterior, dilúvio – tudo isso é evolução a rigor).