sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Religião ou Religiosidade?

Esta coisa toda de religião é muito complicada. Acho que sempre achei, mas não tinha mentalizado ainda. Antes, contudo, é preciso saber que religião e religiosidade são coisas distintas. Como são! É que ainda na infância entortam tudo na cabeça da gente e está feito o problema que em alguns casos, demora-se anos para solver.
Chego a crer que alguns desajustes sociais e mentais – aí incluindo os espirituais – derivam desta incompreensão. Não tem aquela turma que ataca as religiões e o que se supõe Senhor delas? Não tem os ateus? Convença-me de que não possuem religiosidade! Estes podem não dispor, nem querer, aproximação da tal religião, mas se são bípedes pensantes, do tipo que chora, ama, sente dor pena e esperança… ah, são religiosos.
A religiosidade pra mim sempre teve a ver com algo supremo, que rege tudo. Por um tempo confundi com o conjunto de normas de uma religião, porém nada tem mais discrepância em sua essência. É que na religião há o público, a coerção, a vexação e o risco da temida expulsão. Abominável para este ser chamado humano. Na religiosidade a coisa é diferente. Tem um conforto que abraça, uma paz que preenche e uma razão irascível que explica o que à lógica não convém. Já não se trata de parar um dia sob pena de disciplina, mas de o fazer pela gratidão de uma oferenda. Na religiosidade natural e espontânea não cabe o medo da inadequação por demérito, mas a ação movida pelo amor de quem tem todo o mérito.
É claro que você pode dizer que isto não é religiosidade, tem outro nome. Pode ser, mas não sei se muda não. A minha religiosidade provém da necessidade inerente de Deus e escolhi uma religião que se pautasse pelo que Ele pediu. Tenho, todavia, consciência de que o Eterno tem muitos filhos, em muitos lugares e pra cada um deles uma linguagem, uma religião, uma porta de entrada. Por isto anseio pelo dia em que todas as barreiras cairão e as placas já não mais imperiosas serão.
As religiões se desfarão ante à verdadeira religiosidade que brota do amor supremo e puro por Deus ou do dEle por nós, por mim. Este milagre e mistério eu ainda não compreendi direito, mas é que na minha religiosidade cabem dúvidas que o contentamento sufoca. Sou religiosa, porque sou humana.

Fonte: http://fabianabertotti.com

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