quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O Certo e o Errado na Expressão do Pensamento



A falta de espírito de pesquisa, investigação, é o maior responsável pela superficialidade cultural de nossa geração. Superficialidade esta que se estende a vários campos do saber, até a consideração do que é verdadeiramente científico foi afetado por esta onda de acomodação ao que é proclamado por uma elite, sem ser examinado a veracidade dos fatos.



       Exemplificando o que estou tentando dizer: Galileu contestou o que se acreditava na época, porém sua proposições foram confirmadas pela verdadeira ciência e continuam sendo de forma inabalável até hoje. Ninguém escreve um livro com o título “A Caixa Preta de Galileu” ou “O Delírio de Galileu”.

Uma teoria, caso não seja verificável empiricamente, deve ter respaldo na lógica clara ou na fundamentação matemática, para que seja considerada científica, ou seja, para que não se torne em mera tese, uma divagação ou fantasia, no intuito de sustentar uma ideologia ou doutrina.

O que foi no passado considerado como ciência, hoje deve ser reconsiderado pelo crivo das novas descobertas, para que se continue sendo assim considerado ou não. Só para exemplificar: no tempo de Charles Darwin se acreditava que o interior da célula vegetal ou animal era basicamente composto de uma gelatina muito simples.  Com a  descoberta do DNA se constatou que esta era muito complexa, que continha um intrigante sistema de informação minuciosamente detalhado e incrivelmente organizado.



Um exemplo de quem não se deixa dominar pelo dogmatismo, mas tem a mente aberta até para mudar de lado, se for preciso, é o do Dr. Francis Collins. Este cientista se declarava ateu até sua participação no projeto Genoma (mapeamento genético humano), onde  atuou como coordenador. A partir daí passou a ser teísta, escrevendo o livro “A Linguagem de Deus”. 

      Hoje o fundamentalismo não se restringe ao campo religioso, pois também foi copiado por aqueles que se manifestam contra ele. Talvez a motivação por traz destes seja ilustrada pela frase de Ivan Karamazov em Os Irmãos Karamazov, personagem de Dostoiévski : "Se Deus está morto, então tudo é permitido." Neste caso pode-se entender por Deus a verdade e o princípio. 



Pode ser atraente para alguns rumar para o niilismo, simplesmente virando a mesa das verdades e dos valores estabelecidos, mas isto não evidencia necessariamente evolução intelectual. Simplesmente abusar da subjetividade sem avistar um ancoradouro que justifique  as proposições propostas, serve para quem quer ficar andando sem chegar a lugar algum. Afinal somos seres racionais, e isto faz toda a diferença em relação às demais espécies, que não tem pensamento reflexivo, não desenvolvem ciência, não estabelecem moral, ainda que por instinto nos dêem, em alguns momentos, lições de ética e solidariedade.

             

Como participantes de um contexto cultural amplo e abrangente do qual somos agentes de constante transformação, acho cabíveis estas colocações não para sustentar um posicionamento, mas para abrir o campo de visão de muitos, que infelizmente se deixam guiar pelo que diz certo setor da sociedade, que por coincidência detém o poder da grande mídia.
Ser cidadão no mundo de hoje, globalizado e multicultural requer olhar atento,   do que é ideológico e do que é científico, do que fantasioso e do que é real, para que possamos melhor fazer nossas escolhas.

Aguinaldo C. da Silva

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