quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

PUDISMO E MORALIDADE NA VISÃO DE C. S. LEWIS

"Consideremos agora a moralidade cristã no que diz respeito à questão do sexo, ou seja, o que os cristãos chamam de virtude e castidade. Não se deve confundir a regra cristã da castidade com a regra social da "modéstia", no sentido de pudor ou decência. A regra social do pudor estipula quais partes do corpo podem ser mostradas e quais assuntos podem ser abordados, e de que forma, de acordo com os costumes de determinado círculo social. Logo, enquanto a regra da castidade é a mesma para cristãos em todas as épocas, a regra do pudor muda. Uma moça das ilhas do Pacífico, praticamente nua, e uma dama vitoriana completamente coberta, podem ambas ser igualmente "modestas", pudicas e decentes de acordo com o padrão da sociedade em que vivem. Ambas, pelo que suas roupas nos dizem, podem ser igualmente castas (ou igualmente devassas). ...

Quanto a mim, não acho que um padrão de pudor extremamente rígido e exigente seja uma prova de castidade ou uma grande ajuda para que essa exista; por isso, considero um bom sinal o abrandamento e a simplificação desta regra que se deu durante minha vida. O momento atual, entretanto, tem o incoveniente de que pessoas de idades e tipologias diferentes não reconhecem o mesmo padrão, do modo que não podemos saber em que pé estamos. Enquanto essa confusão durar, creio que as pessoas mais velhas, ou mais antiquadas, não devem julgar que os mais jovens ou "emancipados" estão corrompidos sempre que agem de forma despudorada (segundo o velho padrão). Em contrapartida, os mais jovens não devem chamar os mais velhos de moralistas ou puritanos só porque não conseguem se adaptar facilmente ao novo padrão. O desejo sincero de pensar o melhor do próximo e de tornar-lhe a vida mais confortável resolverá a maior parte dos problemas." (Cristianismo Puro e Simples, páginas 124, 125, 126).

Nota.  O recato ou pudor relacionado ao corpo é formado a partir de uma percepção ou construção mental predefinida. Por isto não podemos falar de pudor sem levar em consideração a época e a cultura envolvida. Em algumas culturas a ausência de roupas não implica necessariamente em falta de  modéstia. Já em nossa cultura há uma vinculação da nudez ao sexo ou erotismo. No entanto, temos que reconhecer que esta percepção tem evoluído. Não podemos nos fixar num padrão de vestuário, pois o que foi indecente ontem pode não ser mais hoje e o que hoje é aceito pode não ser mais amanhã.

Um comentário:

  1. Concordo plenamente, jamais podemos julgar o pudor ou a castidade de uma pessoa simplesmente por ela se encontrar semi-nua ou nua, devemos analisar o meio em que a pessoa se encontra.O corpo nu ou vestido, ambos podem transmitir sensualidade ou tornarem-se indecentes.Uma mulher vestida de longos como uma dama vitoriana pode também despertar desejos devassos, o corpo coberto não impede de uma pessoa transmitir sensualidade.Ela pode transmitir sensualidade através de outros meios, como seu andar, olhar , modo de sentar, entre outros. Depende da intenção da pessoa e dos olhos que a vêem.

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